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Empresário de Pojuca continua desaparecido dois meses após sequestro

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Sequestradores pediram R$ 1 milhão para libertar vítima  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 13/04/2021, às 11h43   Nilson Marinho



Era por volta das 19h, do dia 10 de fevereiro. Marcos Trinchão, conhecido empresário da cidade de Pojuca, bebia em um bar na companhia de um irmão a poucos metros de casa, na Avenida Antônio Batista. Esse foi o último lugar onde ele foi visto, antes de ser rendido por dois homens armados e forçado a entrar em um carro rumo a um endereço desconhecido pela família, dois meses depois do sequestro. 

Trinchão tinha uma rotina definida, cumpria horário e 'batia ponto' nos mesmos lugares. Cultivava certa popularidade, já que é dono de um hotel, e não tinha nenhum desafeto. Pessoas próximas acreditam que os criminosos vinham o empresário como uma 'presa fácil' para arrancar dinheiro.

Primeiro contato

Vinte minutos depois de sequestrar a vítima, os homens entraram em contato com a família. Queriam R$ 1 milhão para libertar o empresário com vida. Também pediram para que a polícia não participasse das negociações.

Sem ter como pagar o valor integral do resgate, os familiares entraram em desespero. Por volta das 4h da manhã do dia seguinte, conseguiram reunir R$ 35 mil —  valor que foi aceito pelos sequestradores. 

Os homens exigiram que o dinheiro fosse levado por uma única pessoa: o dono do bar onde o empresário bebia antes de ser rendido. O local era uma estrada nas proximidades do entroncamento da cidade vizinha de Catu, distante 14 km de Pojuca.

“O contato estava sendo feito pelo WhatsApp. Quando o dono do bar chegou no local, os sequestradores mandaram uma mensagem pedindo para parar o veículo, mas ele não sabe ler. Não entendeu e pediu para que os homens mandassem áudio. Logo em seguida, os sequestrados ligaram para a família do empresário desfazendo o acordo por acharem que a polícia estava monitorando o caso”, conta a pessoa próxima à vítima. 

Novo acordo

O acordo foi refeito horas depois, mas, dessa vez, os criminosos pediram para que o cunhado do empresário levasse o valor até uma outra estrada, na saída de Pojuca. O pacote foi deixado no local indicado por eles, mas a quantia não chegava perto do exigido pela vida de Trinchão.

A família recebeu um vídeo do empresário vivo e com um ferimento na mão. Uma forma de pressionar os parentes a conseguir mais dinheiro, agora, R$ 200 mil. Os parentes tentaram argumentar que a vítima possuía bens em imóveis, e que só ele tinha acesso à conta bancária. 

Suspeita

O último contato dos sequestradores com familiares foi feito no segundo dia após o rapto, às 16h, quando um dos parentes exigiu falar com a vítima. Depois disso, os homens deixaram de atender ligações telefônicas e a responder mensagens pelo WhatsApp. Nada mais souberam. 

Ainda segundo pessoas próximas, os suspeitos do crime fazem parte de um grupo de extermínio e extorsão formado por PMs que foi desarticulado em julho do ano passado. Na ocasião, durante uma operação da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), uma força-tarefa cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão nos municípios de Pojuca, Alagoinhas, Capim Grosso, Igaporã e Feira de Santana. 

Em nota, a Polícia Civil informou ao Bnews que o caso foi registrado na Delegacia Territorial de Pojuca e que, após oitivas e diligências, foi encaminhado para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), em Salvador.

Não foi confirmado, no entanto, se os suspeitos têm ligação com o grupo que foi alvo da operação da SSP-BA. "Mais informações não podem ser passadas no momento, para não interferir no andamento da apuração", argumentou a Polícia Civil

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