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Ataque químico em cidade controlada por rebeldes na Síria mata ao menos 40

AFP
A ação ocorreu em Douma e órgãos do governo negam qualquer envolvimento  |   Bnews - Divulgação AFP

Publicado em 08/04/2018, às 08h29   Folhapress


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Um ataque químico em Douma, cidade controlada pelos rebeldes no leste de Ghouta, subúrbio de Damasco, matou dezenas de pessoas neste domingo (8), informou a Defesa Civil e uma ONG que trabalha na região. 

Uma declaração conjunta da organização de ajuda médica Sociedade Médica Sírio-Americana (SAMS) e do serviço de Defesa Civil, que opera em áreas controladas por rebeldes, informa ao menos 40 pessoas morreram no ataque.

Vídeos postados pelos Capacetes Brancos (como é conhecida a Defesa Civil síria) mostravam as vítimas, incluindo bebês, respirando através de máscaras de oxigênio em hospitais improvisados. 

O governo sírio, em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias SANA, negou as acusações de ser responsável pelo ataque a civis. Ele disse que as alegações eram "invenções" do Jaish al-Islam (Exército do Islã) , chamando-o de "tentativa fracassada" de impedir avanços do governo.

"O exército, que está avançando rapidamente e com determinação, não precisa usar nenhum tipo de agente químico", disse o comunicado. 

Socorristas disseram que encontraram famílias sufocadas em suas casas e abrigos, com espuma em suas bocas.

A Defesa Civil Síria, ligada à oposição, foi impedida de procurar mais vítimas por causa dos fortes odores que causaram dificuldades de respiração, disse Siraj Mahmoud, porta-voz do grupo. 

Alguns corpos já sem vida de crianças, mulheres e homens, alguns deles com espuma na boca, foram mostrados em um vídeo compartilhado por ativistas. "Cidade de Douma, 7 de abril, há um forte cheiro aqui", uma voz pode ser ouvida dizendo.

RÚSSIA

O Departamento de Estado dos EUA disse que relatos de vítimas do ataque foram "horripilantes" e que, se confirmados, "exigem uma resposta imediata da comunidade internacional".

Após os EUA apontarem a Moscou como responsável pelo ataque, o governo russo respondeu negando que o regime sírio tenha usado armas químicas em Duma.

A Rússia, no entanto, rejeitou os relatórios. "Nós decididamente refutamos essa informação", disse o general Yuri Yevtushenko, chefe do centro russo de paz e reconciliação na Síria, segundo o serviço de notícias Interfax.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido também chamou os relatórios, se confirmados, de "muito preocupantes" e disse que "uma investigação urgente é necessária e a comunidade internacional deve responder. Nós pedimos que o regime de Assad e seus apoiadores, Rússia e Irã, parem a violência contra inocentes".

REBELDES

O ditador sírio, Bashar al-Assad, recuperou o controle de quase todo o leste de Ghouta em uma campanha militar apoiada pelos russos que começou em fevereiro, deixando apenas Douma em mãos rebeldes.

A ofensiva de Ghouta tem sido uma das mais mortíferas da guerra de sete anos da Síria, matando mais de 1.600 civis, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Enfrentando derrota militar, grupos rebeldes em outras partes do leste de Ghouta tomaram passagem segura para outras áreas controladas pela oposição na fronteira turca. Até agora combatentes do grupo Jaish al-Islam rejeitaram essa opção, exigindo que fosse permitido ficar em Douma.

No entanto, a televisão estatal síria disse no domingo que o Jaish al-Islam pediu negociações com o governo. Uma emissora pró-síria de TV, a Orient, disse que as negociações estão em andamento entre Jaish al-Islam e a Rússia para chegar a um acordo final para Douma.

PAPA

O papa Francisco lamentou o ataque de gás relatado na Síria e o classificou como injustificável e "instrumento de extermínio".

"Não existe uma boa guerra e uma guerra ruim. Nada, mas nada, pode justificar o uso de tais instrumentos de extermínio em pessoas e populações indefesas", disse o pontífice ao final de uma missa na praça São Pedro, no Vaticano.

Ele pediu que "os líderes militares e políticos escolham outro caminho, o das negociações, que é o único que pode trazer a paz e não a morte e a destruição".

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