Lavagem do Bonfim une a fé de povos diferentes

A Tradicional Lavagem do Bonfim que reúne milhares de fieis na Cidade Baixa, em Salvador, é comemorada na segunda quinta-feira do ano. O evento religioso que atrai povos de nacionalidade diferentes começa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, e termina a Colina Sagrada, no Bonfim.

A origem da Lavagem do Bonfim tem muitas versões, tanto de pesquisas de historiadores, quanto de religiosos. O reitor da Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, padre Edson Menezes, contou ao BNews como surgiu a manifestação de fé.

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"São muitas as versões sobre a origem e desenvolvimento da lavagem. Porém, algumas pesquisas indicam que certamente a “lavagem” da igreja começou como um ato de piedade das famílias que além de mandar seus empregados realizarem o referido serviço, iam com seus parentes e amigos participar do ato, como uma expressão devocional", disse o sacerdote católico.

Uma outra versão afirma que a lavagem da Igreja teve início em 1773, quando os integrantes da "irmandade dos devotos leigos" obrigaram os escravos a lavarem a Igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim.

Ainda segundo alguns historiadores, a lavagem teve início só no início do século XIX. Há desde o relato de que um soldado português que sobreviveu à Guerra do Paraguai (1865-1870) lavou a igreja em sinal de gratidão.

De acordo com o padre Edson Menezes, a principal representatividade da Lavagem é a reunião de pessoas de nacionalidades e religiões diferentes.

"Um evento democrático, onde casa pessoa pode se manifestar. É um acontecimento que reúne pessoas de nacionalidades e religiões diferentes. A Lavagem do Bonfim passa uma imagem para o mundo de que é possível conviver com o diferente", afirmou o religioso.

Questionado sobre o significado das famosas fitinhas do Senhor do Bonfim, o religioso conta que surgiu de uma devoção.

"As fitinhas surgiram em 1809. Foi uma iniciativa de um irmão da devoção do Senhor do Bonfim que mediu entre a chaga da mão direita e do peito do Senhor do Bonfim e, em mede 40 cm. A irmandande mandou fazer umas medidas que era feitas de seda e as pessoas amarravam no pescoço como crucifixo. A devoção perdeu a patente, as pessoas começaram a fazer e hoje se tornou essa fitinha que é comercializada por todo mundo, menos pela Igreja. Ela surgiu como medida, agora recebe o nome de fitinha e o povo criou essa tradição de amarrar no gradil dando três nós, tudo isso faz parte da religiosidade popular. São iniciativas do povo que a Igreja não criou, nem incentiva, mas respeita essa prática" conta o padre Edson Meneses.

Outra marca bastante conhecida da Lavagem do Bonfim é a expressão "Quem tem fé, vai a pé" que foi surgiu da espontaneidade das pessoas.

"A expressão foi criada pelo povo. Tem um significado muito interessante, é uma afirmação de fé e de uma disponibilidade para caminhar. Essas expressões, essas manifestações de fé nascem da espontaneidade das pessoas. É preciso fazer uma distinção daquilo que nasce da espontaneidade das pessoas e aquilo que é da Igreja", finalizou o reitor da Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, padre Edson Menezes.