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Mães que dão conta de tudo, como vocês conseguem? Veja relatos

Ilustrativa/Imagem de Jupi Lu por Pixabay
Ao se ter um filho, cria-se um estigma de que a grande responsabilidade  disso é da mãe e elas são consideradas "faz tudo"  |   Bnews - Divulgação Ilustrativa/Imagem de Jupi Lu por Pixabay

Publicado em 12/05/2024, às 07h00   Cadastrado por Mariana De Siervi



Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha, em maio de 2023, afirmou que 7 a cada 10 mulheres são mães. Ao se ter um filho, cria-se um estigma de que a maior parte da responsabilidade é da mãe. Ou seja: a mulher passa a ter uma rotina totalmente voltada aos filhos, sendo que em muitos casos, elas têm pouco ou nenhum apoio do pai ou de terceiros, consideradas muitas vezes como mães “faz tudo”. 

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De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), no Brasil, teriam até o final de 2022, mais de 11 milhões de mães solo. Diversas mulheres brasileiras criam seus filhos sozinhas com pouca ou quase nenhuma rede de apoio - principalmente da figura paterna. 

É o caso da fisioterapeuta Ana Claudia Barretto, de 49 anos, mãe de Diogo de 19 anos e de Daniela de 13. Mãe divorciada, ela conversou com o Bnews sobre sua rotina, rede de apoio e as dificuldades com o fato de muitas vezes ser uma mãe “faz tudo”. 

Questionada de como era sua rotina com os filhos, a fisioterapeuta afirmou ser a melhor possível e diz que ela, Diogo e Daniela são bastante grudados.

“Sou mãe divorciada e tenho uma rotina organizada com meus filhos . As rotinas de alimentação sempre fazemos juntos ,sempre levei e peguei na escola e em todas as atividades extras. Sempre fomos muito grudados e sou uma mãe presente na escola , minha casa sempre está cheia com os amigos deles e  temos atividades de lazer juntos”, conta. 


Além disso, a profissional de saúde comenta sobre sua rede de apoio, que consiste em apenas de seus pais, mas na maioria das situações é ela que estava presente, mesmo quando era casada. 

“Quem me ajuda são meus pais, sempre na rotina de pegar em alguma atividade extra. Mesmo quando estive casada, não tinha o apoio do meu marido, no transporte para a escola ,festas ,atividades extras ou médico. Enfim, tudo o que diz respeito ao que é ser responsável por dois filhos .Minha rede de apoio são meus pais”, relatou. 

“Aprendi com muito choro, que o valor é interno, é nosso.
Devemos escolher as tarefas, priorizar o que importa e aceitar o que ficou para depois.”, apontou sobre as dificuldades que tem com a maternidade. 

Ana Claudia se considera uma mãe “faz tudo”. Mas, ela tenta pensar de forma positiva. “Prefiro olhar o lado bom das coisas. Sou presenteada pela presença deles (filhos) sempre nas rotinas, no lazer, mas alegrias e nas tristezas. [...] Hoje que cresceram, têm autonomia e independência sim. Nos dias atuais estou priorizando meu tempo sim, mas nem sempre foi assim”. 

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Aquivo Pessoal// Ana Claudia Barretto

Assim como a fisioterapeuta, a despachante de veículos, Adjane Batista, de 50 anos, também se considera mãe “faz tudo”. Sem rede de apoio, ela criou Ana Carolina Araújo de 27 anos e Pietro de 15. “Minha rotina hoje em dia é mais com Pietro por ter 15 anos  e ter a guarda compartilhada com o pai. Com minha filha mais velha, criei sem a presença do pai, sem ajuda.  Muito trabalho, muita luta, pois não é fácil ter filhos.”, relatou. 

“Não tive rede de apoio, sempre, batalhei para manter os dois, com uma boa educação e com plano de saúde graças a Deus. E tive a ajuda de Nice, a babá que foi uma segunda mãe para eles”, continuou. 

Vaidosa, Audjane tenta tirar um tempo para ela, mesmo com uma rotina muito pesada, principalmente quando algum imprevisto, como por exemplo, levar os filhos para emergência quando ficam doentes, sem a presença do pai. E ela diz não se importar com os comentários negativos que recebe. “Por causa do amor que sinto por eles, não dou espaço para comentários”. 

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Arquivo Pessoal// Audjane Batista

MÃE ‘FAZ TUDO” COM REDE DE APOIO 

Muitas mães têm a presença do pai de seus filhos, mas não significa que elas não são as famosas mães “faz tudo”. Uma delas é a Ana Carolina Araújo, filha de Audjane, que engravidou aos 21 anos e é mãe de Bernardo, de 6.

A auxiliar administrativa mora junto com o pai de seu filho e recebe o apoio das avós e da bisavó paterna de Bernardo. Mas, mesmo assim, se considera uma mãe “faz tudo”. “Embora seja casada com o pai dele, e ter a cooperação do meu companheiro e ter a sorte dele exercer o papel de pai, acho que toda mãe acaba sendo uma “faz tudo”, às vezes até sem querer”, diz. 

“Estou começando a parar e pensar em mim agora. Ser mãe demanda muito tempo e atenção. Infelizmente às vezes deixamos nossos sonhos e desejos de lado para poder dar uma vida melhor para nossos filhos”, comenta ao ser questionada sobre se tira um tempo apenas para si.

Ela conta que apesar de ter uma rotina bem corrida, trabalhando longe, tenta ao máximo estar com o filho. “Minha rotina é bem corrida, trabalho em Lauro de Freitas e saio de casa muito cedo, por sorte Bê acorda cedo também, então quase todos os dias nos vemos antes de eu sair”, relata, afirmando também que mesmo com todo apoio que recebe, ainda assim sente que diversas responsabilidades recaem somente sobre as mães. 

“Por exemplo, um pai para sair, ele simplesmente dá “tchau” e sai. Uma mãe para sair, ela tem que deixar comida, ela tem que procurar alguém que fique com filho, alguém que seja responsável. As responsabilidades de uma mãe são bem maiores.”, refletiu. 
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Arquivo Pessoal// Ana Carolina Araújo

MAMÃE DE PRIMEIRA VIAGEM 

A professora de ballet, Beatriz Mendonça se tornou mãe há um ano de Noah e desde então sua vida e rotina mudaram drasticamente. Mesmo com o apoio de seu marido e de seus pais, seu filho passa boa parte do tempo com ela, por isso se considera uma mãe “faz tudo”.  

“A rotina é infinita, regada a cansaço e muito amor. Levantamos às 06:00h e seguimos o dia normalmente: higiene, café da manhã, pracinha, brincadeiras educativas, soneca do neném, a mamãe corre igual a uma maluca pra tentar arrumar a casa, fazer almoço, lavar roupa , enquanto o neném dorme. Segunda e quarta eu trabalho a tarde fora de casa e nos outros dias, basicamente repetimos a rotina da manhã na parte da tarde. A noite fazemos a rotina do sono e começa o turno da madrugada, já que Noah ainda acorda 3 vezes por noite”, contou. 

Por Noah ser muito novinho, a professora ainda não conseguiu voltar a pensar em seus hobbies e em momentos para si. “Dancei a vida inteira e nem lembro a última vez que calcei uma sapatilha. Faço das tripas corações para ir à academia quando Matheus (marido) chega do trabalho às 19h, mas já não há forças pra nada nesse horário e mal consigo ir três vezes por semana. Mas se você me perguntar se eu trocaria essa vida por outra, a resposta indubitavelmente é não”, disse. 

Beatriz ainda pontuou sobre as dificuldades de ser mãe.

“Certamente é a ausência de espaço e oportunidade pra ser eu mesma, pra cuidar de mim, pra descansar como todo mundo precisa. Privação de sono é uma coisa absurda, mas não existe NADA no mundo que eu ame mais do que ser mãe de Noah”.
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Arquivo Pessoal// Beatriz Mendonça

Classificação Indicativa: Livre

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