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Dificuldades afastam mulheres da celebração do Dia das Mães

Imagem Dificuldades afastam mulheres da celebração do Dia das Mães
Nas ruas, o Bocão News encontrou casos de luta e resistência para a sobrevivência  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/05/2013, às 18h15   Fabíola Lima (twitter: @limafabiolaa)



Neste domingo (12) muitos celebram o Dia das Mães com compra de presentes, almoço em família, entre outras formas de homenagear a matriarca da casa. Mas em alguns casos, a data é só mais um dia. E a única expectativa para algumas mulheres é conseguir o sustento de seus filhos.



Este é o caso de Valdineia Barros, 35 anos, e Silvana Santos, 30 anos. As duas são mães, moram em Salvador e além desta relação, elas são mulheres que tentam sobreviver diante das dificuldades e lutas de cada dia.



Sentada em um banco do ponto de ônibus da Praça Piedade, Silvana amamentava o filho. A cena chamou atenção da reportagem do Bocão News que passava pela Rua Direita da Piedade. Tímida, ela conversou , contou um pouco de sua história e aproveitou para chamar a atenção do atual prefeito ACM Neto.

“Dizem que ser mãe é padecer no paraíso. Eu às vezes fico me perguntando o que na minha vida seria um paraíso. Sou mãe de três filhos, desempregada, moro na casa de minha mãe onde também moram meus três irmãos. Diariamente saímos em busca de  um trabalho, doação ou qualquer coisa para comer. Este prefeito que tá aí deveria abrir os olhos para o povo mais pobre desta cidade. Falta tanta coisa, deveriam  ver de mais perto a pobreza que vivemos”, relatou Silvana.

Moradora de Águas Claras, ela conta que percorre os bairros do Centro de Salvador todos os dias para sustentar os três filhos. São duas garotas de 12 e 15 asnos e um garoto de dois. As meninas estudam em escolas municipais e o menor fica sempre com a mãe nas peregrinações em busca de alimento e trabalho. “Não é sempre que minhas filhas me acompanham quando estou na rua, mas tem final de semana que trago para aumentar a possibilidade de conseguirmos alguma coisa”, conta.

Em tantas idas e vindas pelas ruas, Silvana – que teve seu primeiro filho aos 19 anos, conta como é o Dia das Mães para ela. “Não vejo nada de novo, não há novidades. Todos os dias são iguais para quem vive nas ruas. A única diferença é que há pessoas que se sensibilizam nesta época e ajudam. Nossa realidade é bem diferente. É muito duro você chegar em casa e não ter o que dar de comer para seus filhos”, lamenta Silvana.


Em uma realidade semelhante, Valdirene Barros, que tem um filho e mora em Nazaré, também enfrenta a vida difícil nas ruas, mas diferente de Silvana, conseguiu trabalhar como vendedora ambulante na Baixa dos Sapateiros. “Nessa vida é só eu e meu filho, meu marido morreu no ano passado e hoje eu tento sobreviver com a venda de água, suco, refrigerante, e cerveja. A vida para quem trabalha na rua não é fácil, mas não podemos desistir”, enfatizou Valdirene.

Hoje solteira, Valdirene conta que não tem medo de nada. Acorda diariamente às 5h, às 6h30 já está na rua para vender sua mercadoria e garante que consegue sobreviver. “Não tenho luxo, minha vida é esta aqui que você está vendo. Minha preocupação é conseguir educar meu filho para que ele não siga o caminho das drogas como vejo muitos por aí. A violência está em toda parte e devemos ter atenção com as crianças”, alerta.

Questionada pela reportagem como será o dia das mães para ela, Valdirene retruca. “Nada novo. Não vejo o que comemorar com tanta miséria, este é só mais um dia, as pessoas deveriam se preocupar em buscar é melhores condições para o próximo”, disparou.

Estes são apenas dois relatos. Mas nas ruas de Salvador é possível encontrar outras famílias tentando sobreviver diante das dificuldades. Em detrimento a comemoração do Dia das Mães, conversamos com estas mulheres, mães e solteiras. Elas são duas matriarcas entre outras de diferentes famílias carentes na capital baiana. 

Fotos: Gilgerto Júnior - Roberto Viana // Bocão News


Matéria originalmente publicada às 23h50 do dia 11/05

Classificação Indicativa: Livre

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