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As tantas razões para não amar Salvador

Imagem As tantas razões para não amar Salvador
Veja traz 120 razões para amar Salvador e o Bocão News traz o contrário   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/06/2012, às 10h38   Rafael Albuquerque - @rafaelteescuta



Uma edição especial da Revista Veja traz uma matéria que a primeira vista parece uma piada – de muito mau gosto: “Salvador – 120 razões para amar a cidade”. Entre as tais razões expostas na publicação da Editora Abril, encontramos a culinária, o Elevador Lacerda, a musicalidade e o fato de abrigarmos tantas personalidades como João Ubaldo Ribeiro. Mas, no momento crítico por que passa a capital baiana, podemos listar alguns motivos para não amar Salvador:


Metrô – a demora de quase treze anos na construção do Metrô – que já foi reduzido e não tem previsão de funcionar – mostra como a mediocridade dos gestores responsáveis pela obra prejudica a população que precisa de transporte público de massa.

Buzu a R$ 2,80 – o recente aumento da tarifa do ônibus em R$ 0,30, que passou para R$ 2,80, seria justificável se os veículos fossem novos, limpos, com ar-condicionado e fossem conduzidos por motoristas bem treinados. Tirando o aumento, nada disso aconteceu. E ainda se comenta nos bastidores que o reajuste foi orquestrado entre o sindicato e o patronato. Pior para quem precisa pegar o buzu diariamente.

Greve dos professores - As crianças e adolescentes da Bahia poderiam estar se divertindo em belas praças e nas praias de Salvador, no caso das que moram na capital. Isso porque aulas elas não têm há mais de 60 dias, pois os professores estão em greve e acusam o governo de não querer abrir espaço para negociações. Como as praças estão em péssimo estado de conservação e nas praias sequer existem barracas, os meninos e meninas estão sem diversão e sem aula. Bom mesmo seria se a educação fosse tratada pelos governantes tal qual prometem as propagandas políticas em período eleitoral, como uma prioridade.

Trânsito caótico – foi-se o tempo em que Salvador era a terrinha dos sonhos, onde a vida era tranquila e calma. O estresse do trânsito já virou um abacaxi impossível de descascar. E não adianta culpar somente a Transalvador – que tem, sim, uma parcela de culpa. Mas, o problema é muito maior do que reorganizar o trânsito e parar de vender carros – já que o prefeito reclamou certa vez que as concessionárias de veículos são as culpadas. O caos passa muito mais pela questão da infraestrutura, que demanda investimento, que chega em quantidade nas épocas próximas de eleição. E olhe lá...

Falta de casa de shows – a Bahia é conhecida como terra do axé music. Mas os grandes astros e estrelas de nossa música, e outros cantores de tantos ritmos pelo Brasil, não têm um lugar decente para se apresentar na capital baiana. Tirando o Parque de Exposições (lama), o Wet`n Wild (piscina) e o Bahia Café Hall (restaurante que funciona como casa de show), restam pouquíssimos espaços como o TCA e a Concha, que são inadequados para eventos de grande porte.

Carnaval decadente – o carnaval de Salvador já não tem mortalhas e mamãe sacode. Junto com esses itens, sumiu também o verdadeiro sentido do evento: a participação popular. Hoje, por mais que os organizadores e empresários digam o contrário, a maior festa de rua do planeta é preparada para quem curte em blocos e camarotes. O folião pipoca fica em segundo plano, com cada vez menos espaço nas ruas.

Futebol – os boleiros daqui – e os de lá que por aqui jogam – não estão com a bola toda. Aliás, para ser justo, o Vitória até segue em posição confortável no Brasileirão 2012, mas na segundona. O Bahia, na primeira divisão, acaba de entrar na temida zona de rebaixamento. Há quem diga que por lá permanecerá até o final do campeonato.

DJ do buzu – essa expressão soa estranha quando escutada por alguém que mora em uma cidade minimamente civilizada e onda a boa educação e respeito à coletividade prevaleça. Mas em Salvador, onde parte da população se mostra excessivamente sem educação, o DJ do Buzu tem lugar certo no dicionário baianês. Trata-se do cidadão (?) que prefere escutar música alta no transporte coletivo a usar o bom e velho fone de ouvido. Aliás, há lei municipal, sancionada recentemente, que proíbe tal ação. Mas não se há fiscalização e os dias e noites de tormenta nos ônibus continuam.

Orla degradada – o prefeito João Henrique (PP) obedeceu uma decisão judicial e tirou as barracas das praias de Salvador. Até aí tudo bem, pois cumpriu uma determinação da Justiça. O problema é que o gestor municipal largou a orla de mão. Nenhuma ação concreta foi executada pela prefeitura para solucionar os problemas e muito menos para ajudar os donos de barracas que tiveram seus estabelecimentos destruídos. Isso significa que quem quiser ir a praia em Salvador, terá que levar sua farofa e sua bolsa térmica sem medo de ser feliz, porque barraca pra beber e comer não vão encontrar.

Sujeira nas ruas – Salvador já foi considerada a capital mais limpa do país. Mas atualmente a história é outra, bem diferente. Basta andar pelos becos – e pelas grandes avenidas também – para notar que a limpeza deixa a desejar. O serviço de limpeza deficiente? Falta de educação dos cidadãos? As causas são muitas, mas o fato é que grande – e cheira mal – o sentimento de sujeira que temos quando andamos pela cidade.

 Para não alongar esta lista e ultrapassar as 120 razões listadas pela revista Veja, concluímos aqui esta matéria e abrimos espaço para você, leitor, enviar através do Twitter @bocaonews as razões para não amar Salvador. Não que nossa cidade não mereça ser amada, mas atualmente os motivos para o contrário são muito mais acentuados. 

Classificação Indicativa: Livre

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