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Crezo denuncia suposto caixa 2 no A Tarde e detona diretor do jornal

Publicado em 06/03/2016, às 15h23   Tiago Di Araujo (twitter: @tiagodiaraujo)



Após ocupação e retomado do jornal A Tarde pela Família Simões, o comprador do grupo, Crezo Suerdieck Dourado, se mostrou indignado com a situação e disparou contra os herdeiros do jornal. "Eles foram moleques comigo. A empresa é minha. Não me beneficiei com um real da empresa. Pelo contrário, coloquei R$ 1,5 milhão meu lá dentro. Não tem motivos para eles invadirem o jornal. Estou em dia, já paguei R$ 600 mil à família, dinheiro do meu bolso e eles levaram um monte de capangas para tomar na mão grande a empresa", disse ao Bocão News.
Sobre as declarações do diretor-geral, André Blumberg, referente ao pagamento ser feito com dinheiro do jornal, o empresário ironizou. "Eu comprei o jornal, então, de quem é o jornal? Qual o problema nisso? Se eu comprar um carro e quiser colocar fogo depois é problema meu", comparou ao afirmar que é dono do dinheiro utilizado. "O dinheiro saiu da conta do jornal por questões contábeis. Eu fiz depósitos na conta do jornal para pagar a primeira parcela da família", explicou.
Questionado sobre a titularidade das ações do jornal perante a Junta Comercial da Bahia (Juceb) ainda pertencer à família, que segundo os Simões possibilitou a retomada do grupo, o empresário atribuiu aos prazos para transferência. "Isso é um negócio e prazo faz partes do trâmite. Temos apenas 20 dias com o jornal. Demos entrada, é um negócio, tem que aguardar". Crezo ressaltou que as ações foram transferidas, com base nas assinaturas que constam nos contratos.
Ainda durante a entrevista, o empresário voltou a alfinetar Blumberg e criticou a postura da família Simões. "Os diretores são mais donos do que a família Simões. A família acha que manda em alguma coisa, mas não manda em nada. André Blumberg se acha o rei da Bahia. Passou o tempo todo procurando comprador que pudesse deixar ele no poder, mas não achou e não aceitou perder o reinado. O problema se deu porque ele nunca aceitou perder a majestade de ser presidente do Grupo A Tarde, de perder os mais de 300 paus [sic] que matava por mês", disparou. 
Crezo ressalta que os argumentos utilizados pelos Simões, assim como as declarações que constam na nota de esclarecimento divulgada na edição do jornal deste sábado (5), não são válidos. "Não tem elementos para querer desfazer o negócio, tanto que não entraram na Justiça, invadiram". O empresário aproveitou para acusar os diretores de ocultarem informações sobre os passivos tributários. "Ele me passou um relatório dizendo que era R$ 70 mil e quando fui ver na verdade é de R$ 170 mil". 
Já sobre o TAC com os funcionários demitidos, Crezo admitiu que fez uma contraproposta no valor de R$ 150 mil, que não foi aceita, e aguardava formalização judicial para voltar a negociar. "Eles fizeram um acordo irresponsável. Se eu vou lá e negocio para pagar menos, qual o problema nisso? Eu fiz uma proposta, não foi aceita, eles iriam ingressar na Justiça e iria buscar continuar com o mesmo valor que ofereci por mês até resolver toda situação. Em relação a folha que estava totalmente inchada no valor de R$ 459 mil, eu estava reduzindo para R$ 220 mil. Isso é gestão, é enxugamento". 
Durante desbafo, o empresário revelou que uma auditoria realizada pela Piatra constatou a prática de crimes de sonegação fiscal, apropriação indébita previdenciária de forma continuada, quando não é realizado o repasse aos  aos cofres previdenciários as contribuições descontadas dos salários dos seus empregados. "Pela retenção dos tributos dos funcionários e não repasse aos cofres públicos, em uma fiscalização o jornal não aguenta 15 dias", declarou. "Lá tem quatro balanços, um que era do André, outro para enviar para bancos, outro para pagamento do Refis, pois o Refis em cima do faturamente, ou seja, a sonegação existe e muito séria", completou. 
Revelações sobre o caso é abordado em uma conversa entre Crezo e o veterano chefe da contabilidade do jornal, Dilson Santiago. No suposto áudio do bate-papo, Santiago fala sobre um espécie de caixa 2 e admite que, em caso de uma fiscalização da Receita Federal, a empresa terá que fechar as portas. 
Ouça o áudio
Por fim, considerando a ocupação arbitrária, Crezo garantiu que pretende continuar com o jornal A Tarde. "Quero continuar com o jornal. As ações nos pertence, o contrato está vigente e eu quero continuar com o jornal sim. Os problemas são sérios, não tinha controle interno e a partir do momento que passamos a colocar controle, surgiu todo esse problema. A nota não tem embasamento nenhum para fazer o que fizeram. Estou em dia", concluiu.
*Matéria publicada originalmente no dia 05/03

Classificação Indicativa: Livre

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