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"Entre quatro paredes": centros e abrigos ajudam mulheres vítimas de violência doméstica em Salvador

Roberto Viana
Confira como os centros funcionam e apoio prestado às vítimas  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana

Publicado em 08/12/2017, às 12h50   Diego Vieira



Após mostrar o que é a Ronda Maria da Penha e como funciona, a quinta e última matéria da série do BNews, "Entre quatro paredes", fala sobre casas de apoio e acolhimento, em Salvador, para as vítimas que sofrem agressão. A reportagem conversou com Maria Auxiliadora, coordenadora do Centro de Referência de Atendimento a Mulher Loreta Valadares, localizada no bairro dos Barris.

O Centro funciona desde 2005 e está ligado à Secretaria de Política Para as Mulheres, Infância e Juventude. 

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“Qualquer mulher pode nos procurar. Ela pode vir encaminhada pelo Sistema de Garantia de Direito ou de qualquer outro serviço público, mas a mulher também pode procurar o centro por uma decisão própria”, a coordenadora.

Segundo Maria Auxiliadora, cerca de 420 mulheres são auxiliadas pelo centro, atualmente.  “Desde setembro aumentamos consideravelmente o acompanhamento, mas aqui não existe tempo. Depende muito da demanda que ela nos traz, que ela se perceba em situação de violência e que volte ter a autoestima necessária para romper esse ciclo de violência e, a partir dai, ela pode pedir o desligamento se todas as demandas forem atendidas”, relatou. 

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Ainda conforme a coordenadora do Centro de Referência de Atendimento a Mulher Loreta Valadares, 90% das mulheres atendidas foram agredidas pelo companheiro. “Muito pouco foi por padrasto, primos ou irmãos”. 

COMO FUNCIONA – Maria Auxiliadora explicou que a vítima precisa ligar para o centro e agendar uma entrevista, inicialmente, com uma psicóloga e uma assistente social. Juntas, elas vão decidir com a vítima, um plano de atendimento que determina quantas sessões essa mulher terá que passar. Depois desse atendimento, a mulher passa por uma advogada que a orienta sobre medidas legais.

Além disso, a coordenadora explicou que o sigilo sobre a situação da vítima é garantido. “Nos preocupamos muito com a segurança dela, então fazemos um plano: o que ela deve fazer, o que evitar, o enfrentamento direto com o agressor e os documentos que ela deve ter sempre em mãos”. 

ATIVIDADES – “Ela vai ser atendida por uma equipe de excelência, formada por psicólogos, assistentes sociais, advogadas e pedagogas. Após esse atendimento, a mulher pode ficar conosco. Então ela participa de cursos de yoga, dança, grupo terapêutico, defesa pessoal tem o infocentro, cozinha industrial e temos a sala da mulher empreendedora, inaugurada recentemente”, destacou a coordenadora. 

“Eu denuncio meu agressor e depois vou voltar a dormir com ele? Para onde eu vou?”

De acordo com Auxiliadora, o Centro de Referência é uma porta de entrada para a casa de acolhimento. “Aqui, cada caso é analisado e estudado. A depender da situação, ela é encaminhada para casa de acolhimento, que é municipal, ou para a casa de abrigamento, que é estadual. A diferença entre as duas é o tempo que fica. Na nossa, ela fica até 15 dias e na outra, pode ficar até 120 dias”. 

“Outra questão é o grau de violência. Então se ela não está em risco iminente de morte, é público da nossa casa. Se está em risco de morte, ela é público da casa do estado. A gente percebe esse grau buscando o perfil do agressor e a situação que se deu o fato”, explicou a coordenadora. 

RESULTADO – “Todas as mulheres que aqui foram assistidas e que aqui são acompanhadas, é notório o avanço principalmente o empoderamento da mulher, a autoestima... ela passa a ver que existe uma luz no fim do túnel. Porque normalmente uma mulher que busca o centro de referência ela vem muito sofrida, muito machucada, a dor é muito profunda e, o nosso trabalho é justamente esse. Não é só acolher, é assistir”, concluiu Maria Auxiliadora. 

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A Casa Abrigo, instituição estadual, é exclusiva para mulheres vítimas de violência doméstica com risco eminente de morte e seus filhos ou dependentes de até 12 anos. O serviço é sigiloso e em parceria com as Varas Especializadas, Centro de Referência e Ministério Público, além da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM). Segundo as normas do centro, para ser acolhida, a vítima tem que ter registrado a ocorrência na DEAM.

COMO FUNCIONA - A Casa funciona durante 24h, com segurança diária, apta a receber as mulheres a qualquer momento. Também conta com um veículo, disponível 24h, para eventuais emergências, como atendimento médico ou mesmo para ir buscar as mulheres para abrigamento. 

A capacidade da Casa é de 20 pessoas – incluindo as mulheres e os filhos ou dependentes de até 12 anos. Segundo a secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), o período máximo de abrigamento é de 120 dias, mas após esse período, a vítima não tendo para onde ser encaminhada com segurança, o acolhimento pode ser prorrogado e a sua saída pode ser protelada.

O endereço é sigiloso e o imóvel tem aspecto de uma residência comum. Por questões de segurança, para evitar rastreamento e não pôr em risco o sigilo da casa, os equipamentos eletrônicos são recolhidos (as mulheres não têm acesso a celular, por exemplo). Em caso de necessidade de contato com familiares ou quaisquer outras demandas, as vítimas são sempre acompanhadas e assessoradas por alguma técnica da equipe da Casa.

A equipe da casa do Estado é formada por psicólogas, assistentes sociais, pedagogas, cuidadoras e nutricionistas. O abrigamento na Casa inclui assistência social e psicológica, além das refeições, material de higiene pessoal, roupa de cama e toalha. A equipe da Casa Abrigo também atua na busca de locais para onde as vítimas possam ser encaminhados com segurança. Em casos nos quais as vítimas precisem sair do Estado, a Casa providencia e arca com custos de deslocamento, incluindo passagens de avião.

Segundo a Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), até a semana passada, a Casa estava com 15 pessoas, que já foram encaminhadas para locais seguros, que podem ser para casas de familiares, por exemplo, ou a própria residência. 

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Nestes casos, conforme a SJDHDS, é expedido pedido via Juizado ou delegacia para que o agressor seja retirado do local, em ação da Polícia Militar e parceria da Ronda Maria Penha, para assegurar a vigila e segurança no local. Só é autorizada a saída da vítima acolhida na Casa Abrigo após expedição de Medida Protetiva para ela e para o agressor. Ou, nos casos em que a própria mulher deseje, mediante a assinatura de Termo de Responsabilidade.

A Casa Abrigo faz parte do Programa de Políticas Públicas para Mulheres, integrante do Plano Nacional de Políticas para Mulheres do Governo Federal.

Unidades de Atendimento à Mulher na Bahia:

Central de Atendimento à Mulher : disque 180

Central de Atendimento à Crianças e Adolescentes: disque 100

Saúde da Mulher: disque 0800 61 1997

Secretaria de Segurança Pública: Disque 3237-0000

DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher: 
End.: Rua Padre Luiz Filgueiras, S/N – Engenho Velho de Brotas 
Tel.: (71) 3116-7000

End.: Dr. José de Almeida, S/N – Praça do Sol – Periperi 
Tel.: (71) 3117-8217 (Plantão)

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher- DEAM- Feira de Santana- Bahia
End.: Av. Maria Quitéria, 841 - Bairro Brasília 
Tel.: (75) 3602.9284

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Itabuna- Bahia
End.: Praça da Bandeira, 01 - Centro - Itabuna - BA
Tel.: (73) 3214.7820/3214.7822

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Ilhéus - Bahia
End.: Rua Oswaldo Cruz nº 43 - Cidade Nova
Tel.: (73) 3234.5274/3234.5275

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Vitória da Conquista – Bahia
End.: Rua Humberto de Campos, 205 Bairro Jurema - Vitória da Conquista
Tel.: (77) 3425.8369/3425.4414

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Teixeira de Freitas- Bahia
End.: Rua Nossa Senhora D'ajuda, s/n -Teixeira de Freitas
Tel.: (73) 3291.1552/3291.1553

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Juazeiro- Bahia
End.: Rua Canadá, 38 - Bairro Maria Gorette
Tel.: (74)3611.9831/3611.9832

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Porto Seguro- Bahia
End.: Rua Itagiba, 139- Centro
Tel.: (73) 3288.1037/3288.1037

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Paulo Afonso - Bahia
End.: Rua Nelson Rodrigues do Nascimento nº 92, Panorama - Paulo Afonso
Tel.:(75) 3692.1437/3282.8039/3692.1437

Delegacia Especial de Atendimento a Mulher - DEAM - Alagoinhas- Bahia
End.: Rua Severino Vieira nº 702 - Centro- Alagoinhas
Tel.: (75) 3423.4759/8253/3423.3862

1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar 
End.: Rua Conselheiro Spínola, nº77 – Barris 
Tel.: (71) 3328-1195/3329-5038

2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, de Salvador - Fórum Regional do Imbuí. 
End.: Rua Padre Casimiro Quiroga, 2403 - Imbuí, Salvador
Tel.: (71) 3372-7481/ 3372-7461/ 3372-7460

Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Feira de Santana
End.: Avenida dos Pássaros, nº 94, Mochila
Tel.: (75) 3624.9615/3614-5835 

Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher – Juazeiro 
End.: Rua Carmela Dultra n. 24 - Bairro Centro
Tel.: (74) 3614-2856 / 3612-8928

Vara da Violência Doméstica e Familiar de Vitória da Conquista
End.: Praça Estevão Santos, 41 – Centro 
Tel.: (77) 3425-8900

Classificação Indicativa: Livre

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