Bell Marques: “Se é pra acabar o carnaval de Salvador, que acabe”

O cantor Bell Marques soltou o verbo durante o programa Se Liga Bocão desta quarta-feira (10). O líder do Chiclete com Banana entrou ao vivo para falar do Circuito Voa-Voa, que acontece neste sábado (13), mas acabou sendo questionado pelo apresentador Zé Eduardo sobre a polêmica em que Daniela Mercury teria criticado duramente o grupo que briga na justiça para cobrar direito de arena aos camarotes de Salvador.

Bell se mostrou indignado: “A ideia deles é a seguinte: não temos como construir, então vamos tentar destruir!  Aí quando o cara não consegue tocar, fica dizendo que eu toco por dinheiro”. E Foi além: “Eu não botei bloco na rua à toa. Se eu toquei para a prefeitura foi duas ou três vezes Agora, hoje não tenho como tocar de graça. Aliás, se eu for como eu ia antes para a Praça Castro Alves, engarrafa tudo. Só vou chegar lá no outro dia”.

Sobre o direito de arena, que o grupo pretende cobrar, o vocalista afirmou “O pessoal quer cobrar direito de arena. Quem mais teria direito de arena é o Chiclete, que é o que mais passa nas ruas de salvador durante o carnaval”. Bell inclusive citou a considerada rainha do axé em seu desabafo: “Concordo com Daniela. Se é para acabar o carnaval de Salvador, que acabe. Vou ficar sentido. Mas vou tocar em outro local, ganhar meu dinheiro”.

“Todos tem direito, mas vamos conquistar isso. Os caras têm que carregar caixa de som como eu carreguei. O carnaval precisa de ideias novas. As pessoas precisam se juntar a nós. Eles deveriam ser empresários, e não apenas ter idéias mirabolantes que não podem ser executadas”, disse o cantor, que finalizou a entrevista com a seguinte afirmação: “Eles  têm que lutar por outros direitos, mas por esse não”.

De pronto, Otto Pípolo, um dos mais empenhados na luta em favor a cobrança de direito de arena no carnaval de Salvador entrou em contato com a equipe do Se Liga Bocão. Indignado, Pípolo evitou tocar no assunto dinheiro, mas falou que se trata de princípios. O carnavalesco justificou: “Bell não está entendendo o objetivo. O nosso objetivo é salvar ele próprio. Eu tentei salvar o carnaval fora de época, que eles destruíram. Eu não vivo disso, sou advogado”.

Pípolo citou outros artistas em sua resposta: “Quero salvar o próprio Bell, Ivete, Durval, etc. Se continuar assim, o carnaval da Bahia vai se transformar numa micareta. Nós queremos retoralimentar as atrações, senão não terão o que vender. O que as entidade querem é salvar a cultura”.

Com relação ao percentual de 30% que as entidades reclamam na justiça, Pípolo disse ao Bocão News: “Não queremos dinheiro de camarote e bloco. Mas achamos injusto que os camarotes explorem quem passa nos trios e não paguem por isso”. O carnavalesco criticou o caminho que a situação está tomando e até citou uma briga de dois grandes empresários do axé music: “Estão encaminhando a luta a um lugar que não interessa a ninguém. Isso é igual a briga do Bloco Beijo entre Windson (Silva) e Misael Tavares. Gastaram muito dinheiro e no final ninguém se deu bem.

Para Otto Pípolo “o foco dos caras é só dinheiro. A gente que ama o carnaval está visualizando coisas boas. Se o pessoal passa pra Bell – que não é advogado nem executivo – uma situação de forma complicada, aí gera um problema. Ele tem que deixar de ouvir Bulhosa e Joaquim Nery e tem que ouvir o povo que elegeu um bom artista”.

Otto finalizou a entrevista com a seguinte afirmativa: “A vida toda é a gente salvando esses caras. Quem criou o conselho de carnaval foi eu. Temos sim o direito de imagem e direito de arena. No Código Civil diz que quem monta o camarote pra usufruir do espetáculo dos outros tem que paga”.