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Emagrecimento de famosas gera debate na web por transformação radical na aparência; especialistas explicam

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De Maiara à Mari Fernandez: por que emagrecimento súbito de famosas tem chamado a atenção  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Redes Sociais
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 28/03/2024, às 15h44


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O emagrecimento repentino de famosas, como das cantoras sertanejas Maiara, da dupla com Maraisa, e Mari Fernandez, tem chamado a atenção do público e de especialistas, que alertam sobre os riscos de medidas restritivas para a perda de peso de forma acelerada. 

Na terça-feira (26), após a especulação dos seguidores nas redes sociais, a cantora sertaneja Maiara afirmou que está pesando 47 kg e tranquilizou os fãs dizendo que não está doente. Em 2018, a artista fez uma cirurgia bariátrica e, segundo ela, desde aquela época vinha tentando reduzir o peso, mas sem sucesso até o momento. 

A cantora Mari Fernandez sofreu duras críticas nas redes sociais após publicar um vídeo onde aparece bem mais magra. A cantora, de 23 anos, foi atacada por internautas que a compararam a um cotonete.

O uso de medicamentos para emagrecer, e a mudança radical na aparência de celebridades gerou a expressão "cabeça de Ozempic" nas redes sociais. Essa crítica se refere à desproporção entre a cabeça e o corpo magro, evidenciando uma possível disfunção corporal. Nossa equipe procurou especialistas para entender os possíveis  riscos e impactos desse tipo de busca desenfreada pela magreza. A endocrinologista Cris Marques inicou o bate papo fazendo um alerta: 'É importante entender a obesidade como uma doença crônica que deve ser adequadamente tratada. Quando indicada, a terapia medicamentosa necessita de acompanhamento médico especializado."

Ação do Ozempic: 

  • O Ozempic é um medicamento injetável usado para tratar diabetes tipo 2. 
  • Sua ação no emagrecimento se dá pela regulação do apetite e controle glicêmico. 
  • É importante frisar que o uso off-label para emagrecer deve ser feito com acompanhamento médico rigoroso. 

O Ozempic, um medicamento produzido pela Novo Nordisk, ganhou fama por seus efeitos na perda de peso, embora seja primariamente prescrito para tratar o diabetes tipo 2. Apesar de sua aprovação pela Anvisa para tratar a obesidade, o uso do Ozempic para fins estéticos, sem supervisão médica, pode acarretar sérios riscos à saúde. 

Para quem a substância é indicada? 

  • Pessoas obesas (com IMC acima de 30); 
  • Com sobrepeso (com IMC acima de 25); 
  • Com comorbidades ou agravamento de condições preexistentes devido ao excesso de peso; 
  • Pacientes diabéticos ou com dislipidemias (excesso de gordura no sangue). 

A endocrinologista Cris Marques ressaltou as condições e estratégias para o uso de medicações, como o ozempic:  "Existem estratégias que devem ser adotadas para garantir uma curva de perda de peso saudável, considerando a constituição corporal do indivíduo. Isso não está relacionado apenas aos análogos de GLP-1, mas também à cirurgia bariátrica e outras estratégias para o tratamento da obesidade".

Disfunção corporal e "cabeça de Ozempic": 

  • A busca por um corpo extremamente magro pode levar à distorção da imagem corporal. 
  • A desproporção entre a cabeça e o corpo magro, apelidada de "cabeça de Ozempic", é um exemplo dessa disfunção. 
  • Essa busca desenfreada pela magreza pode mascarar problemas de saúde mental como anorexia e ortorexia. 

O principal componente do Ozempic é a semaglutida, uma substância que tem demonstrado eficácia no controle do peso, além de regular os níveis de glicemia. No entanto, o uso indiscriminado desse medicamento pode levar a complicações graves, incluindo a chamada "cabeça de Ozempic".

"Nem sempre um corpo magro é necessariamente bonito. O paciente que perde peso aceleradamente pode adquirir um aspecto de "doente, desnutrido" justamente pela perda acentuada e não programada da massa muscular e também pela flacidez causada pela perda da sustentação cutânea", destaca o cirurgião plástico Victor Nassri ao BNews

Impactos do uso do Ozempic para emagrecer: 

  • Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, pancreatite, hipoglicemia e alterações da função renal. 
  • Dependência do medicamento: risco de recaída no ganho de peso após a interrupção do uso. 
  • Impacto psicológico: reforço da crença de que a magreza é sinônimo de saúde e felicidade. 

Além da "cabeça de Ozempic", a rápida perda de peso também pode resultar em flacidez no rosto, comumente denominada de "rosto de Ozempic". Essa condição ocorre devido à perda de colágeno e massa muscular, que são agravadas pela baixa ingestão de proteínas durante o tratamento. 

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Nassri explica o impacto causado pela aparência após esse tipo de método sem acompanhamento médico. "O emagrecimento acelerado, sem o devido acompanhamento profissional adequado, aumentam os riscos de nos confrontarmos com os principais efeitos deletérios do processo de perda de peso que são a flacidez de pele e a perda de massa muscular", esclarece. "Temos que ter hábitos saudáveis até mesmo para emagrecer. O emagrecimento deve ser controlado e acompanhado para ser saudável", enfatiza.

Entretanto, os efeitos adversos do Ozempic não se limitam apenas à estética. Efeitos colaterais como náuseas, inapetência, diarreia, vômitos, dor de cabeça e desidratação são comuns entre os usuários. Além disso, a rápida perda de peso pode aumentar o risco de desenvolver cálculos na vesícula biliar. 

É importante ressaltar que o uso de medicamentos como o Ozempic deve ser feito sob orientação médica adequada, pois seu uso indevido pode acarretar sérios danos à saúde. A busca pelo emagrecimento rápido não deve comprometer a segurança e o bem-estar dos pacientes: "Precisamos deixar claro também que o tratamento da obesidade pressupõe metas definidas, que terão impacto na saúde cardiovascular do indivíduo. Metas inalcançáveis muitas vezes são acompanhadas de uma visão distorcida da autoimagem e requerem uma abordagem cuidadosa", reforçou a dra. Cris Marques.

Classificação Indicativa: Livre

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