Eleições

Entrevista: Célia recua e nega ter acusado ACM Neto de superfaturar obras

Publicado em 25/08/2016, às 23h59   Juliana Nobre e Aparecido Silva


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De coadjuvante a bomba atômica. A vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, deu início à campanha eleitoral sob um clima de acusações que deixou o prefeito ACM Neto (DEM) preocupado. De superfaturamento de obras a pedidos de auditoria na prefeitura, Célia Sacramento ganhou a imprensa baiana nos últimos dias. Contudo, nesta entrevista ao Bocão News, a candidata pelo PPL voltou atrás e negou que tenha dado tais declarações. Com um tom elevado nos últimos dias, desta vez, preferiu se conter e não fez acusações ao prefeito. Ao Bocão News disse que faria diferente se fosse prefeita, se mostrou ainda magoada com Neto por ter sido preterida da vaga de vice e que foi avisada que o prefeito lhe daria um ‘golpe’, mas reforçou que levaria parte dos recursos investidos nas obras do Rio Vermelho e Barra para bairros periféricos.  

Nos últimos dias também foi colocada como estratégia do governador Rui Costa para subir o tom da campanha e atacar o principal candidato do pleito. Célia, mais uma vez, negou que tenha conversado com o governador ou com aliados dele, mesmo sendo informada que o próprio governador já confirmou as conversas. Ainda ressaltou que recebeu convites de diversos partidos, mas não chegou a conversar com o PT sobre alianças. Ao mesmo tempo afirmou esperar receber o apoio do governador neste pleito.

Confira:

Bocão News - Dentre as novas regras da lei eleitoral está o financiamento de campanha. Como a senhora está articulando para conseguir recursos para a campanha?

Célia Sacramento – Tenho contado muito com a solidariedade dos amigos. Vários estão ajudando. A principal chegou ontem com o fundo partidário. Alguns amigos estão se manifestando. Dentro da legislação estou pedindo aos amigos que fama depósitos na conta da campanha, a partir das redes sociais. Estou achando essas eleições uma coisa maravilhosa. As pessoas não tendo condições de gastar fortunas com a campanha terminam ficando mais democrático. Sou especialista em direito eleitoral e na minha monografia falei exatamente sobre gastos de campanha. Em 2008, vários candidatos apresentaram em prestação de contas movimentação zero e se via mais de 50 carros de som nas ruas. E agora veja como a tecnologia está ajudando. Temos prestações de contas a cada 72 horas. Isto para mim está sendo fantástico, meu sonho. Algo que sempre preconizei enquanto professora e cientista social e política.

BNews – Acha que esse é o modelo ideal?

CS – Sim, pois o certo para ninguém gastar diretamente deveria ser o financiamento publico. Acontece que dentro dos padrões atuais termina beneficiando somente os grandes partidos. O meu partido é um partido limpo porém tem poucos recurso de fundo partidário devido ao número de deputados federais. Ao tempo que partidos com pessoas fichas sujas tem fortunas de dinheiro. Isso termina prejudicando. Nessa campanha, uma pessoa como eu, ficha limpa, conto com pessoas como vocês. Tenho amigos que estão cedendo serviços, a solidariedade está sendo muito boa. Estou gostando desse modelo.

BNews – A senhora tem apenas oito segundos de propaganda eleitoral. Como vai fazer para otimizar esse tempo com suas propostas?

CS – eu foquei em quatro principais temas para mim e vou fazer cada uma das 32 inserções que serão feitas durante o dia inteiro e os oito segundos focarei em apenas um ponto. Para mim, sem dúvida nenhuma, a questão das creches é fundamental. Estive na gestão, fizemos novas creches, reconstruímos outras, reformamos outras, mas foi muito pouco para nossa cidade. Posso dizer isso com conhecimento de causa, fui presidente do conselho municipal das mulheres, fiz pesquisa e vimos que temos uma carência de mais de 140 mil vagas. Quando eu for prefeita vou dar prioridade à política de creches, às mulheres, que consequentemente, vou conseguir colocar recursos no fundo municipal de inclusão das mulheres negras. Com o fundo vou gerar emprego e renda nas periferias. Essas mulheres que hoje não podem trabalhar nem estudar vão poder, pois saberão que seus estão nas creches. E como sou professora não posso deixar de dizer que minha gestão será focada na educação, que assim consigo resolver outras demandas. Quer ver? Se eu cuido dos menores e coloco nas creches vêm aqueles maiores de cinco anos. Esses eu coloco em educação em tempo integral, com alimentação, mas não somente para alguns, a minha ideia é fazer para todas as crianças em tempo integral. Ou dentro da própria escola ou com projetos sociais que existem na cidade. Se não fosse a boa vontade de pessoas que trabalham com projetos sociais eu não sei o que seria da nossa cidade. Nossa cidade tem um potencial cultural e de esporte muito grande. Eu fiquei muito triste quando vi aquele caso dos três jovens que tentaram assaltar outros, no ano repassado, na região de Ondina. Os jovens assaltaram, levaram celular, dólar e dois a polícia pegou. Um saiu nadando, mar adentro, nadou de Ondina a Barra. Só quem conhece e sabe o que é nadar tem ideia do preparo físico desse cidadão. Ele foi retirado do mar e preso. Mas imagine, nós perdemos um campeão olímpico! Se tivéssemos potencializado os projetos sociais nos bairros para descobrirmos os talentos, este rapaz estaria em outro caminho.

BNews – A senhora é vice do prefeito ACM Neto e vinha pleiteando essa vaga na chapa dele à reeleição. Acabou sendo preterida e na sua primeira entrevista como candidata acusou o prefeito de superfaturar obras no município. Por que fazer declarações como essa somente depois que se colocou como candidata e ser preterida para a vaga?

CS – Essa informação aí não saiu dos meus lábios. Essa é uma informação que não é pertinente. Eu fiz uma entrevista e disse que quando eu for prefeita farei as obras a custos menores. Porque sou formada em contabilidade e controladoria pela USP e sou especialista em gestão de custos. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece a necessidade dos gestores públicos criarem controle de custos para termos condições de minimizar custos. É como na nossa casa. Você faz compras em um supermercado e quando chega em casa sua esposa diz ‘puxa, você poderia ter feito outro mercado que teria um custo menor’. Estive com o prefeito fazendo este trabalho e tivemos um determinado custo. Quando eu for prefeita eu pretendo desenvolver uma série de ações lícitas, dentro da legislação, trabalhando inclusive com pessoas do próprio bairro para reduzir custos fazendo a custos muito menores. Porque na gestão pública, a maioria dos gestores do Brasil valorizam dizer ‘olha, gastei tanto para fazer obra´, mas eu não. Vou sair fazendo comparações. Na minha gestão será transparente, fazendo comparações.

BNews – Então não houve isso na gestão do prefeito ACM Neto? Transparência, licitude?  

CS – Houve, porém, como sou especialista, posso implantar uma série de sistemáticas. Cada um tem sua forma de se fazer gestão. E eu posso implantar uma sistemática tempestiva de se fazer gestão. É a forma do gestor.

BNews – Também foi noticiado que a senhora pediria uma perícia dessas obras que teriam sido superfaturadas. Isso procede?

CS – De novo. Depois de todo esse trabalho da entrevista que eu fiz ao jornal A Tarde, eu soube pela imprensa que o prefeito disse que iria me processar. Eu falei e repito: não tenho problema nenhum em responder processo. Se o prefeito vai me processar, não tem problema nenhum. Mas num processo, a primeira etapa de um juiz que não entende dessa questão técnica é contratar uma perícia, uma auditoria. Tenho uma empresa de auditoria há mais de 23 anos, é a minha primeira especialização. Faço isso na justiça federal. Então não sou eu que vou pedir a perícia é o próprio juiz que vai pedir. Eu posso ajudar. Agora, eu não falei nessas obras e da prefeitura de Salvador em momento algum. Apenas falei que quando for prefeita farei obras a custos menores. Se por causa disso o prefeito disse que vai me processar então não tem problema nenhum. Mas não falei em momento nenhum que o prefeito superfaturou obras. Não saiu de mim isso.

BNews – A oposição critica muito as obras de requalificação do Rio Vermelho e da Barra, que o prefeito teria gasto recursos exorbitantes. A senhora que acompanhou esse processo acredita que houve utilização de recursos a mais do que deveria?

CS – Eu particularmente posso afirmar que a minha prioridade quando for prefeita de Salvador é trabalhar com as pessoas que mais precisam. A única coisa que eu falei foi eu não gastaria o que foi gasto nessas áreas. Eu pegaria uma parte e levaria para bairros periféricos. Eu levaria esses investimentos que foram feitos nesses bairros uma parte deles, 30%, 35%, para os bairros periféricos.

BNews – Na véspera do anúncio do vice do prefeito ACM Neto houve aquele clima de decepção por parte dos candidatos a vice que pleiteavam a vaga. No seu caso, houve a conversa de que a senhora se encontrou com o governador Rui Costa quando se preparava para lançar candidatura. Esse encontro de fato ocorreu?

CS – Não, não.

BNews – Mas ontem ele nos concedeu entrevista ao Bocão News e confirmou que houve conversas com a senhora, que o procurou.

Cs – Mas um está se falando em encontro e outro em conversas.

BNews – Então o que houve de fato?

CS – Deixa eu explicar. Todos os partidos me procuraram. Por vários para fazer coligação. Só isso. Agora o governador não.

BNews – O PT chegou a te procurar?

CS – Não, não me procurou não. Não houve conversas com o governador nem com o partido. Nesses dias não.

BNews - A senhora espera algum apoio do governador Rui Costa?

CS - Com certeza. Não só do governador, como do vice-governador, de quem quiser, eu estou à disposição para receber todos os apoios. Quem puder me dar apoio, eu vou receber. Eu fiquei sabendo que não ia ser vice 12 horas antes do anúncio. Então todos os apoios são bem vindos.

BNews - O fato de ser avisada de que não seria a vice na chapa de Neto 12 horas antes do anúncio lhe decepcionou?

CS - É importante deixar claro. Todas as pessoas sempre deixaram bem evidente para mim que: ‘Ó, Célia! O prefeito vai dar o golpe’. ‘O prefeito vai lhe trair’. O tempo todo me falaram isso. E eu sempre falei com ele: ‘prefeito, só a gente conversar com antecedência para podermos chegar a um denominador comum, mas eu, particularmente, estou à disposição. Se der para continuar, continuamos, se não, siga a sua carreira’. Então, é claro que uma pessoa que é avisada que não vai fazer parte de um projeto 12 horas antes, qualquer um ficaria decepcionado. Eu acho isso uma falta de humanidade. Como é que você está com uma pessoa ali e avisa: ‘amanhã, você não está mais no processo’? A pior parte, para mim, não é essa. Eu estou no Partido Pátria Livre. Um partido que é ficha limpa. A pessoa que é vice está em um partido que é ficha-suja. Então, essa é a comparação que a gente tem que fazer. Pode ter tempo de televisão, mas é ficha-suja. Será que a população está interessada nisso? As urnas vão mostrar que a população não está interessada nisso.

BNews - O prefeito chegou a prometer a vice para a senhora em algum momento?

CS - Não, em hipótese alguma. Na política, ninguém pode fazer isso. Eu, particularmente, conversei com o prefeito e disse: ‘fique à vontade’. Avisei um ano antes. Tenho foto no Facebook desse encontro quando avisei: ‘estou indo para esse partido, entendo que é um partido que não tem musculatura política, mas fique tranquilo, só me avise antes, porque fui procurada por vários partidos antes para fazer coligação’.

BNews - Ele disse que a senhora seria a primeira com quem se reuniria dentre os candidatos à vaga de vice...

CS - Eu fui a primeira mesmo. Era uma coisa que existia, de fato, a possibilidade. Como fiquei muito honrada por ter sido convidada, não achei honesto da minha parte fazer articulação com outro partido e deixar o prefeito na mão. Mas eu jamais faria isso com pessoa nenhuma. Ainda mais que ele diz para todo mundo que sou amiga, irmã. Eu não faria isso com um amigo.

BNews - Se comenta que a senhora tem sido instruída a aumentar o tom da campanha e fazer críticas ao prefeito ACM Neto. Isso realmente está acontecendo?

CS - Eu acredito que não. Primeiro, eu não fui instruída. Eu sou uma mulher empoderada. Eu sempre falei por mim, agora vou precisar que alguém me diga como é que vou fazer? Não. Vocês que sempre acompanham meu Facebook, eu sempre fiz críticas. Problema na Estrada Velha, eu sempre colocava. Acionava os secretários. E agora na campanha, eu nem comecei a fazer isso ainda. Minha rede social está tranquila, ainda não comecei a fazer o trabalho que sempre faço. Porque nossa cidade é cheia de problemas. É só conseguir ter a capacidade de andar nos bairros que você vai ver. Tenho visto muitos problemas, mas por já ter morado nestas áreas periféricas, eu fico até sem uma condição de mostrar para as pessoas o quanto essa realidade é dura. Como sempre fiz, vou continuar fazendo. Não tem nada a ver com orientação. É o meu modelo de fazer política. Eu quero ser prefeita de Salvador para fazer diferente.

BNews - A senhora chegava a sentar com o prefeito para passar essas informações sobre as áreas da cidade com problemas?

CS - Claro. E o prefeito sempre foi muito efetivo. Ele colocou os secretários para cuidarem e toda área que fiz denúncia, os secretários resolveram.

BNews - Nos bastidores, se comentava que a senhora era motivo de chacota por conta das gafes que cometia em eventos ao lado do prefeito e por chegar atrasada em compromissos. Essa chacota partiria de aliados do prefeito. Como é a sua relação com eles?

CS - Não, não estou sabendo. Eu sempre tive uma relação muito boa. Isso é novidade para mim. Nunca tive problema com nenhum deles. Até porque minha vida é um Facebook aberto e todas as vezes que cheguei atrasada em eventos do prefeito, foi vocês aqui no Bocão que noticiaram. Todas essas vezes foi porque eu estava fazendo trabalho para a prefeitura em outro lugar. Então, era uma maldade de vocês. Eu sempre estava em outro lugar trabalhando. Sempre saí de casa antes das 7h da manhã para trabalhar para a prefeitura em todos os bairros. Se uma pessoa da comunidade me chama para resolver um problema, para mim é prioridade. Atender o munícipe, para mim é prioridade. Se eu tiver que chegar atrasada em um compromisso, eu vou chegar, mas vou atender o cidadão, porque são as pessoas que para mim mais importam. Quantas vezes não fiz questão de participar das coletivas, porque o mais importante é estar nos bairros. Eu sempre chegava discretamente, as pessoas diziam: ‘como é que pode, chegou agora?’. E sempre foi aqui do Bocão. Nunca de outra emissora. As pessoas me diziam: ‘mas professora, depois de tudo isso que o Bocão fez, sempre mídia negativa, você a ainda vai dar entrevista?’. Vou, porque sou professora, estou preparada para isso. Estou nem aí, é o trabalho de vocês, é o meu trabalho. Todo mundo se respeita e entende o trabalho. Vocês são pagos para fazer esse papel.

BNews- Em relação a senhora ser negra, uma professora, muitas pessoas comentam que teria sido usada por ser mulher, negra e professora por parte do prefeito ACM Neto porque ele precisava, naquele momento, ter uma representante desses segmentos. A senhora sentiu isso em algum momento?

CS - A sociedade toda só fala nisso. Todos os bairros que eu entro, até os bairros periféricos se dizem decepcionados. Esse é o comentário, não é um sentimento meu. É um sentimento popular. Tem pessoas que não sabem que não irei continuar, quando sabem, tomam um susto. É o povo que está falando isso: ‘então, a senhora foi usada’. Antes de fechar a aliança, me disseram que isso ia acontecer e agora que consolidou, todo mundo está dizendo: ‘viu que eu te disse?’. Não precisa ser um sentimento meu. É o povo, são as pessoas que estão falando.

BNews - Candidata, a oposição do prefeito ACM Neto bate muito na gestão dele com o argumento de que foram priorizados bairros nobres como Barra, Rio Vermelho, Ondina, em detrimento de bairros periféricos. Em suas andanças pela cidade, teve essa mesma percepção estando dentro da gestão?

CS - Ele fez pelos bairros periféricos. Eu farei muito mais. Quando for prefeita, farei muito mais. Mas ele fez pelos bairros periféricos.

BNews - O que a senhora faria diferente nas áreas da educação, da saúde, emprego, setor em que Salvador aparece como uma das cidades com grandes índices de desemprego?

CS - Quando eu for prefeita da cidade de Salvador, vou dar prioridade à educação. Quando der prioridade à educação, a partir da valorização do servidor, a partir da estruturação das escolas e também da nutrição escolar, eu estarei resolvendo os problemas. A mesma coisa na área de saúde. Ao resolver essa demanda na área de saúde, porque a educação alimentar é uma das bases, vou estar fazendo parcerias com as entidades sociais que tem utilidade pública para viabilizar e potencializar a educação no tempo integral. Com isso, não teremos nenhuma criança nas ruas. Vamos mapear toda a cidade, identificar quais são os jovens que temos na cidade na escola e no contraturno em projetos sociais, seja da própria prefeitura, seja os que já existem nos bairros. Com estas parcerias, com custo reduzido, que é minha área que é redução de custo, com parceria com o empresariado, parceria com pessoas que têm o compromisso com o social, vou estar potencializando atividades culturais, esportivas e vou reduzir a mortalidade da juventude negra. Em Salvador, morrem mais de 32 jovens, oficialmente, todos os finais de semana. Isso é um absurdo, mas é real. Se você chegar em Paripe, em Santa Cruz, no Boqueirão, na Mata Escura, Engomadeira, nos bairros periféricos, essa é a realidade. Se eu conseguir fazer um trabalho integrado com estas entidades sociais colocando toda essa juventude envolvida e ocupada a mente, claro que vamos reduzir muito essa mortalidade. O foco da minha gestão será nas pessoas. Nessa gestão, fizemos dentro de um bairro excluído em Águas Claras, uma praça linda. Se vocês forem lá, esta praça está completamente destruída. O que foi que aconteceu? Enquanto gestora, o que deixei de fazer? A parceria com projetos sociais dentro do bairro para cuidar daqueles espaços. Então, não basta, para mim, quando for prefeita, apenas fazer. Eu tenho que criar condições para que as pessoas usem a praça. O que adianta construir uma unidade de saúde e não ter médico? Não tem remédio, não tem equipamento. Então, vou ampliar e fazer as construções das unidades de saúde com as pessoas nos bairros, para gerar emprego e renda. Vou estar fazendo, inclusive, parceria com as universidades para conseguirmos dar, realmente, uma dinâmica diferente no atendimento. Hoje temos um número muito grande de pessoas formadas na área de saúde, não na medicina, mas na enfermagem. Podemos potencializar isso através de parcerias com as unidades de saúde. Também há as demandas sobre infraestrutura. A maioria das pessoas de Salvador ainda mora em situação de miséria. Se você chegar ali na Fazenda Coutos, aquela região toda do Subúrbio, vocês vão ver. Quando for prefeita, eu que vim da pobreza extrema, vou priorizar aqueles que mais precisam, vou priorizar as pessoas. Um jovem quer estudar, mas ele quer trabalhar primeiro. Ele está qualificado? Vou estar levando um centro de qualificação para os jovens e para as mulheres, mas temos problemas maiores. Tem aquele que ficou desempregado, como é que vai procurar outro trabalho. Vou viabilizar o transporte gratuito. Durante um determinado período, ele vai ter uma cota para sair para buscar um emprego. Então, o ir e vir será uma mobilidade de custo zero. Trabalhei muito tempo com empresa de transporte, sou especialista em análise de custo de empresa de transporte e posso dizer com conhecimento de causa. Temos condição de conceder a aquele que está desempregado o direito de ir e vir para procurar emprego. Eu vou também estar criando condições para o vendedor ambulante. Para mim, que já fui vendedor ambulante, é muito ruim ver as pessoas que trabalhavam nas praias não poderem mais trabalhar nas praias. As pessoas trabalhavam dentro da Estação da Lapa, mas de 1.500 pessoas trabalhavam ali, hoje são cerca de 150 pessoas. Onde estão essas pessoas? Na minha gestão, vamos criar condições para que as pessoas têm inclusão social, para que não haja tanta demanda de pessoas nas ruas para vender qualquer coisa a todo e qualquer custo.

BNews - Ultimamente, a discussão entre Uber e táxi tem ganho espaço na cidade. Qual a sua opinião sobre o Uber em Salvador?

CS - Eu vejo que o Uber é importante. O Uber veio para ficar, agora temos que conciliar, porque os taxistas também são importantes, é uma mão de obra qualificada que sempre esteve aí. No meu ponto de vista, precisamos conciliar os dois. Não é tirar o Uber ou deixar nessa situação de conflito entre Uber e taxistas. Na minha gestão, vamos promover o diálogo para ver como os dois podem desenvolver o trabalho de forma harmônica. Com o Uber, que tá ganhando é a população.

Classificação Indicativa: Livre

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