Eleições

Marqueteiros dos candidatos a prefeito de Salvador traçam cenário do “novo normal” na campanha política 

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Reformulação da campanha por causa da pandemia, influência digital e um novo valor para televisão vão ditar estratégias   |   Bnews - Divulgação Arquivo, Pixabay e Agência Brasil

Publicado em 07/10/2020, às 21h07   Raul Aguilar



Organizar e realizar gravações de programas para diversas mídias, planejar encontros e atividades do candidato, além de acompanhar toda produção dos materiais para campanha, são muitas as atribuições do coordenador de marketing e comunicação em uma campanha política para prefeito de uma cidade. Os profissionais hoje rejeitam o tradicional apelido de "marqueteiros", pelo teor negativo e pejorativo que tal definição incorporou.

Além de todos os afazeres tradicionais, em 2020, o profissional que é fundamental nas campanhas eleitorais tem que lidar com um desafio a mais: a condução de seus trabalhos em uma emergência de saúde pública provocada pelo pandemia do novo coronavírus. O BNews conversou com alguns desses profissionais que cuidam das estratégias em prol das candidaturas a prefeito de Salvador. 

Nesse cenário de pandemia, como citado, ações tradicionais de rua com o chamado “corpo a corpo” só poderão acontecer respeitando regras de distanciamento e com um número reduzido de participantes, o que inviabiliza em muitos casos a realização do ato, por conta da dificuldade em manter essas regras e o controle do número de participantes. 

“Como tudo em meio à pandemia, fazer uma campanha política tem um ineditismo histórico. Tivemos que nos adaptar e, hoje, qualquer gravação, por mais simples que seja, requer uma série de cuidados para preservar vidas”, pontua o publicitário Pascoal Gomes, coordenador de campanha dos candidatos ao cargo de prefeito de Salvador pela chapa composta por Bruno Reis (DEM) e Ana Paula (PDT). 


Pascoal Gomes é responsável pelo marketing da campanha de Bruno Reis 

Como exemplo dessa adaptação aos novos tempos na campanha política, Pascoal cita os eventos realizados seguindo os protocolos sanitários. "Seguimos os protocolos na convenção que referendou Bruno Reis e Ana Paula com a presença do prefeito ACM Neto. A mesma coisa aconteceu na inauguração do comitê de campanha, um evento transmitido pelas redes sociais”. 

Para o coordenador de marketing e comunicação da campanha da Major Denice (PT) e Fabíola Mansur (PSB), o publicitário João Dude, as medidas sanitárias impactaram principalmente o chamado “corpo a corpo” da campanha. “A Covid-19 trouxe para gente uma dificuldade principalmente da parte do ‘corpo a corpo’, onde, particularmente os partidos de esquerda, principalmente o PT e PSB, que são os partidos da nossa Coligação, tem uma vivência maior”. 


João Dude é o coordenador de marketing da campanha de Major Denice

Dude explica que a pré-campanha seria o momento do contato mais próximo do candidato com os eleitores e assim ser utilizado para “alavancar o nível de conhecimento da candidata”. Ele lembra que na corrida eleitoral a necessidade de manter um distanciamento social e evitar aglomerações está fazendo com que “a campanha de rua seja um pouco mais restrita”.

Um dos responsáveis pela condução das estratégias do candidato do deputado federal Bacelar (PODE) a prefeitura de Salvador, o publicitário Marcos Brazão afirma que definiu um protocolo para proteção do público interno e externo da campanha, que prevê medidas preventivas recomendadas pela OMS e um controle muito rígido “ao acesso do nosso núcleo, bem como com a nossa equipe de campo”.

Leia mais:Campanha eleitoral em cidades do interior da Bahia causa diversas aglomerações durante a pandemia

“Para nós que já trabalhamos com campanhas políticas há muito tempo, está sendo um desafio muito grande, tanto para preservar a segurança da equipe envolvida, quanto a do nosso candidato Bacelar e a população. Afinal, o Covid 19 é uma triste realidade, que já vitimou mais de 145 mil pessoas só no Brasil”, lembrou Brazão que, ao lado do também publicitário e sócio, Vitor Hugo Machado, coordenam o marketing e a campanha do candidato do Podemos.  


Marcos Brazão é um dos responsáveis que cuida do marketing do candidato Bacelar

Brazão avalia que em um cenário de pandemia, o maior desafio para o profissional de comunicação passa a ser o de  “levar as propostas e mensagens do nosso candidato sem ter como estratégia o corpo a corpo, sempre muito utilizado nas campanhas políticas do passado”.

Mudança de Paradigma

A pandemia causou uma mudança considerável no modo de pensar e realizar a campanha eleitoral é o que acredita o coordenador de comunicação da chapa de Celsinho Cotrim (PROS) e Popó (PROS), o jornalista José Calasans.  


Calasans é o coordenador de comunicação da campanha de Celsinho Cotrim

“A pandemia impactou consideravelmente a forma de se fazer campanha política. Afinal de contas, se, na política convencional pré-pandemia, havia a lógica do "quanto mais gente, melhor", agora, com a necessidade do distanciamento, que nos é imposta pelos governantes, esse princípio cai por terra, dando lugar à necessidade de uma adequação da campanha muito mais aos ambientes virtuais e às situações, quando presenciais, mais intimistas que populosas”, explica Calasans. 

A alteração no pleito de 2020 é apontada por Brasão como uma acentuação de um processo deflagrado nas últimas eleições: “Desde as últimas eleições a presença do digital é muito relevante. Acreditamos que estamos passando por uma mudança de paradigma impulsionada pela força das mídias sociais, que já fazem parte da nossa realidade”.

Presença digital 

Com decretos do poder público limitando número de pessoas nos eventos para evitar aglomeração e uma eventual proliferação da Covid-19 em vigência, aliada às resoluções da Justiça Eleitoral estabelecendo sanções para descumprimento de normas sanitárias, a tendência é que o meio digital seja o espaço central dos eventos com grandes públicos na campanha. 

Lives, stories, postagens e mais postagens nas redes sociais, tudo com o objetivo de gerar o famoso engajamento e mobilizar uma multidão de eleitores e possíveis eleitores para conhecer propostas e participarem mais ativamente das campanhas e encontros que não poderia comportar o grande público fora do ambiente virtual. 


As redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter tem dominado a disseminação de material

“A pandemia traz o elemento digital para o centro, ou seja, a campanha no digital tem sido muito importante para gente estamos tendo um bom desempenho, comprovado inclusive em pesquisas que saíram recentemente, nossa campanha da vem engajando bem no meio no meio digital”, destaca Dude.   

O responsável pela campanha da Major Denice Santiago explica que um bom posicionamento nas redes sociais é fruto de um trabalho “que foi planejado há muito tempo” e que isso tem gerado para campanha uma “uma boa repercussão”, ampliando o alcance das “mensagens, propostas e a da biografia da nossa candidata”. 

Além das redes sociais, os aplicativos de mensageria eletrônica são outros espaços de ouro para campanha em 2020. O responsável pela condução da campanha do PROS lembra que Salvador o processo de inclusão digital é precário e que muitos eleitores não possuem pleno acesso à internet, mesmo possuindo smartphones com capacidade de conexão. 

Essa realidade é apontada por Calasans como um dos motivos para o fortalecimento dos aplicativos de mensagens: “Está cada vez menor a parcela da população que não consegue acessar sequer o WhatsApp, vulgo "zap", meio pelo qual circulam as informações sobre política, sejam elas verdadeiras ou falsas”.

Influência da TV

A eleição de 2020 deverá retomar o protagonismo da campanha em televisão, segundo o publicitário João Dude. Nas últimas eleições, o número de telespectador têm sido reduzido de pleito em pleito. Esse fenômeno é explicado por vários fatores, entre eles destacam-se o processo de ampliação do acesso à rede de internet, ampliação da população com uso das TVs fechadas e outras modalidades.


O horário eleitoral gratuito começa dia 09 de outubro 

“Quando a campanha chegar na televisão, aí, sim! Eu acho que a televisão vai ter um peso grande, porque a mudança de hábito do cidadão alterou-se durante a pandemia e provocando um aumento muito grande na audiência das TVs de um modo geral. As pessoas estão acostumaram a ver o mundo em duas, três telas; assistir à televisão vendo o celular e interagindo nas redes sociais. É isso o que vai acontecer muito nesta eleição”, opinou Dude.

* Colaborou: Victor Pinto

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