Eleições

Haddad pressiona por apoio explícito de Ciro na reta final

Eduardo Knapp/Folhapress
Pedetista deve chegar ao Brasil nesta sexta (26), após três semanas na Europa  |   Bnews - Divulgação Eduardo Knapp/Folhapress

Publicado em 25/10/2018, às 22h31   Folhapress



O candidato Fernando Haddad (PT) disse no Recife que ainda conta com declaração pública de Ciro Gomes (PDT), derrotado no primeiro turno, de que irá apoiá-lo contra Jair Bolsonaro (PSL). Ciro deve chegar ao país nesta sexta (26), após três semanas na Europa.

"Até minha mulher está com ciúme de Ciro, de tanto aceno que eu faço para ele. Eu chego em casa, ela: 'E eu'"?, brincou Haddad nesta quinta (25).

"Eu vou continuar fazendo aceno porque boto o Brasil acima de tudo. Não é com arrogância que nós vamos enfrentar o desafio que está posto. A gente tem que ter humildade diante da situação e tem que partir de mim, como estou no segundo turno, tem que partir de mim esse gesto."

Para aliados de Haddad, uma manifestação pública de Ciro poderia impulsionar uma sonhada virada. O entorno do pedetista, no entanto, considera pouco provável que ele faça um aceno explícito ao PT.
Haddad telefonou para Carlos Lupi, presidente do PDT, na quarta (24) e o pressionou, dizendo que talvez ele não estivesse vendo uma "onda" em favor do petista. Lupi respondeu que não falaria por ele.

A intenção do grupo do pedetista era tornar a recepção a Ciro no aeroporto de Fortaleza uma espécie de lançamento informal de sua candidatura à sucessão em 2022.

Desde que perdeu as eleições, Ciro deu só um apoio crítico ao petista. Fez críticas duras a Bolsonaro e defendeu a democracia, mas não se engajou na campanha do petista.

Sob pressão de dirigentes do partido -e também de aliados de fora dele, Haddad voltou às bases petistas na reta final do segundo turno.

Desde o primeiro turno, o petista tem perdido terreno para seu adversário em um eleitorado que, tradicionalmente, sempre votou no partido de Lula e tem sido aconselhado a se voltar para essas pessoas na reta final.

Além da visita a Pernambuco, Haddad prevê seguir nesta sexta para duas capitais nordestinas --João Pessoa e Salvador. O petista deve terminar a campanha em um ato em São Paulo, no sábado (27).
O candidato do PT insiste desde o início do segundo turno em fazer acenos à centro-direita e atrair nomes como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para compor uma frente democrática contra Bolsonaro -por enquanto sem sucesso.

Dirigentes do PT e o rapper Mano Brown, por exemplo, pressionaram Haddad a se voltar ao eleitor mais pobre que, nas palavras de um líder do partido, "vazou para Bolsonaro" no primeiro turno.

Em discurso num ato no Rio, Brown disse achar que a eleição já está decidida a favor de Bolsonaro e que se o PT "não conseguiu falar a língua do povo, tem que perder mesmo".

No dia seguinte, Haddad reconheceu a crítica e afirmou, em São Paulo, que precisa "se reconectar com a periferia, com a dor das pessoas".

A aparente contradição de Haddad ao tentar atrair o centro ao mesmo tempo em que acena ao eleitor mais pobre deve seguir até o último minuto do segundo turno.

Na semana passada, Haddad foi convencido a anunciar medidas direcionadas ao eleitorado petista e, em agendas no Nordeste, falou que, se eleito, aumentará em 20% o Bolsa Família e colocará um teto no preço do botijão de gás no valor de R$ 49.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp