Economia & Mercado

Saiba por que mulheres buscam mais oportunidades de investimento, mas arriscam menos que os homens

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“Nem todas as mulheres ousam entrar no mercado de capitais, diz especialista  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Freepik
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 16/04/2024, às 10h01 - Atualizado às 10h02


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Uma menina diante do touro de Wall Street, escultura que representa a força e a agressividade da bolsa de valores de Nova York. “A menina sem medo”, eles a chamam. A estátua, instalada em 2017 no distrito financeiro da cidade, desencadeou um debate global sobre o empoderamento feminino nas finanças.

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Desde então, as mulheres têm entrado cada vez mais no cenário financeiro, uma indústria que historicamente tem sido território masculino. No Brasil, por exemplo, segundo levantamento da FESA Group, as executivas representam apenas 33,86% nos cargos de lideranças nas empresas de finanças. É o que diz Sofía Gancedo, formada em Administração de Empresas pela Universidade de San Andrés (Argentina), Mestre em Economia pela Eseade e cofundadora da Bricksave.

No entanto, nem todas as mulheres ousam entrar no mercado de capitais. Muitas delas até abrem contas e exploram plataformas de investimento, mas acabam não operando ou o fazem muito pouco em comparação aos homens, segundo Sofía Gancedo.

De acordo com uma pesquisa da Bricksave, as mulheres representam 65% das visitas ao seu site, mas são os homens que assumem um papel de liderança quando se trata de investir de fato. Por que há tantos curiosos que ficam na estrada?

“Um fator-chave para responder a esta questão tem a ver com a disparidade de rendimentos: segundo o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios dos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres ganham 19,4% a menos que os homens no Brasil. A diferença salarial pode variar ainda mais conforme o grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2%. Por terem salários mais baixos, as mulheres têm menos excedentes disponíveis para investir”, explica a especialista.

Segundo Sofía, somam-se a isso outras estatísticas preocupantes: as mulheres dedicam mais tempo às tarefas domésticas, têm menos probabilidades de ter acesso ao crédito e têm até mais dificuldade em falar sobre dinheiro.

De acordo com um estudo da Merrill Lynch, 4 em cada 10 mulheres sentem-se envergonhadas quando discutem finanças com a família e amigos. Além disso, 77% deles confiam mais no parceiro na hora de tomar decisões sobre suas finanças.

Na contramão desses dados, o número de mulheres brasileiras que afirmam investir em algum produto financeiro aumentou pelo segundo ano consecutivo, subindo de 33% em 2022 para 35% em 2023. No ano de 2021, o contingente de investidoras era de 28%. Apesar do crescimento, a presença feminina ainda se mantém abaixo da masculina, que permaneceu em 40% no ano passado, mesma taxa registrada em 2022. Os dados são da Anbima e do Datafolha.

“Então, se o interesse em aprender a investir existe e o número de mulheres investidoras está aumentando, como os números mostram, o que falta às mulheres para romperem de vez as barreiras da disparidade de gênero no universo das finanças? Esforços contínuos em educação financeira e uma atenção especial a esse público por parte do mercado são essenciais. Além disso, como em qualquer projeto, começar nunca é fácil, mas o importante é quebrar o gelo e dar o primeiro passo”, salienta Gancedo.

E finaliza: “Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, é evidente que as gerações futuras encontrarão um mundo mais inclusivo que as encorajará a envolverem-se ainda mais nesta indústria. No entanto, para que isso aconteça, é essencial continuar a tornar visível a disparidade de gênero existente. As mulheres que hoje são líderes em finanças têm que dar o exemplo, falar sobre o assunto e acompanhar as novas gerações. É nosso dever criar um espaço onde todas as mulheres se sintam capacitadas para perseguir os seus sonhos e enfrentar o ‘touro’ das finanças sem medo”.

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