Economia & Mercado

BNews ESG: Igualdade de gênero ainda é desafio para empresas, aponta IBGE

Freepik
De acordo com dados do IBGE, menos da metade das mulheres em idade ativa no Brasil estão  |   Bnews - Divulgação Freepik

Publicado em 14/03/2024, às 17h07   Cadastrado por Beatriz Araújo


FacebookTwitterWhatsApp

Embora a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha avançado no Brasil, ainda há menos mulheres do que homens com emprego garantido no País. De acordo com as bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se trata de cargos de liderança o cenário é ainda mais complicado para o público feminino, que ainda tem grandes dificuldades de acesso a espaços de poder.

Mesmo diante do aumento da escolaridade feminina e da quantidade de empresas comprometidas com a agenda ESG (sigla em inglês que se refere às práticas ambientais, sociais e de governaça), a igualdade de gênero ainda é um desafio para os negócios. Em entrevista ao Valor, a analista do IBGE, Denise Guichard, informou que menos da metade das mulheres em idade ativa no Brasil estão representadas no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, 70% dos homens da mesma faixa estão empregados.

Um dos motivos de tamanha disparidade seria o peso dos afazeres domésticos e cuidados com os filhos e familiares. “Elas [as mulheres] têm mais escolaridade do que os homens, mas a transição da escola para o mercado de trabalho é difícil”, afirmou Guichard.

Ainda segundo o IBGE, jovens mulheres lideram no cenário de pessoas que não têm ocupação, não estudam e sequer estão em busca de um emprego. Por outro lado, o nível de ocupação dos homens no Brasil alcançou 63,3%, contra 46,3% para as mulheres, no ano de 2022. Ao mesmo tempo, o rendimento geral masculino por hora trabalhada superou em 12,8% o feminino.

Ao todo, cerca de 7 milhões de mulheres estão desempregadas do Brasil, 2,5 milhões porque se ocupam de afazeres domésticos e 1 milhão porque nunca trabalhou, fato que, segundo Guichard, dificulta o acesso dessas mulheres ao mercado de trabalho.

Ao mesmo tempo, a participação das mulheres nas presidências das empresas cresceu para 17% no Brasil em 2022, em comparação a 13% em 2019, segundo estudo do Talenses Group. Dois anos antes não passava de 8%. O equilíbrio ainda é um sonho distante. Os homens se mantêm no topo da pirâmide corporativa, ocupando 83% dos cargos de presidente. Nos conselhos de administração, a presença feminina passou de 16% para 21% no mesmo período. Nas diretorias, o percentual manteve-se em 26%.

Cargos de liderança

Outro dado que chama atenção corresponde ao número de mulheres em cargos de liderança. Segundo Carla Fava, diretora de Recursos Humanos (RH), marketing e comunicação do Instituto Talenses Group, consultoria brasileira de recrutamento, essa parcela aumenta quanto menor for o tamanho da empresa.

Um levantamento realizado pelo instituto aponta que as mulheres foram maioria no comando das empresas com até nove funcionários (63%) em 2022, e também na diretoria (59%). Já nas companhias com 10 a 49 empregados em seu quadro de funcionários, 38% tinham mulheres como presidente e 44% como diretoras.

Entre os resultados da pesquisa, um dado chama atenção: empresas com maior participação feminina na liderança tendem a criar ambientes mais inclusivos e produtivos. Contudo, Carla Fava destacou uma que surge ainda no processo seletivo.

Grande parte das mulheres ouvidas durante o levantamento revelou que precisa adotar um comportamento mais “másculo” quando chegam a cargos de poder para serem respeitadas.

Para a especialista em RH, o fato de as mulheres não poderem ser elas nas suas próprias essências ainda são a raiz do problema da desigualdade de gênero nas empresas. “Não adianta estudar mais. As perguntas são feitas de maneira errada. As empresas precisam entender que é preciso criar as mesmas condições de trabalho para perfis diferentes”, completou.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp