Denúncia

Filha tetraplégica de gestor do Parque das Dunas denuncia falta de amparo emocional e financeiro; pai nega

Arquivo Pessoal
Na tentativa de conseguir um amparo paterno, Graziele foi até a Justiça, que determinou uma pensão a ser paga pelo pai, mas os valores não vêm sendo depositados  |   Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 20/07/2022, às 22h20   Letícia Rastelly



Ana Graziele de Almeida de Santana, 39, é uma mulher que ficou tetraplégica há 11 anos por causa de um acidente de carro. Desde então, ela precisa do apoio de cuidadores para tarefas rotineiras como tomar banho, ir ao banheiro ou mesmo se locomover. Esse suporte era dado por sua mãe, que morreu em 2018. Depois disso, segundo Graziele, a vida ficou ainda pior, pois ela não recebe nenhum tipo de amparo emocional ou financeiro do seu pai, o ambientalista e gestor do Parque das Dunas, José Jorge Santana.

“Minha mãe faleceu há três anos e vivo sozinha, sem nenhum apoio do meu pai, que prega a proteção da natureza e, na sua vida pessoal, tem completo descaso com sua própria filha. Não paga pensão, acordada em juízo, há anos. Além do total abandono emocional”, relata Graziele em um card publicado nas redes sociais onde ela pede “socorro”.

A situação de Graziele tem se agravado desde que, segundo ela, teria sido completamente abandonada pela família, quando precisou se internar após contrair o coronavírus, em 2020. “Passei por graves sequelas da Covid-19, onde fui entubada duas vezes, tive uma fratura de fêmur, dez internações, sete cirurgias, quatro úlceras sob pressão, duas infecções hospitalares, acamada e com diversas atrofias”, relatou.

Sem apoio dos irmãos, da filha adolescente, ou mesmo do pai, Graziele tem contado com a ajuda de amigos e de pessoas que se sensibilizaram com a situação dela para a compra fraldas, medicamentos e até para ter um teto, já que atualmente ela está abrigada na casa de um amigo.

Na tentativa de conseguir um amparo paterno, Graziele foi até a Justiça, que determinou uma pensão a ser paga por Jorge, mas segundo a filha, desde que começou a pandemia os valores não vêm sendo depositados, de modo que ela precisou mais uma vez acionar o poder público, mas ainda não teve resultado.

Procurado pela reportagem do BNews, José Jorge Santana direcionou o contato ao seu advogado, Jodian Moura, que, por sua vez, contestou a versão dada por Graziele. Segundo o defensor, Graziele “explora a condição física dela”, sendo que na verdade ela é paraplégica e até pouco tempo atrás tinha autonomia e ainda trabalhava.

Jodian conta que os valores arbitrados pelo juiz como pensão sempre foram pagos até que a situação financeira de seu cliente entrou em declínio, por causa da pandemia, o impossibilitando de arcar com os valores que até então ele pagava mensalmente e pontualmente. “Jorge não ganha nada para gerir o Parque. A renda dele se resume aos trabalhos que consegue como consultor ambiental, que atualmente são muito poucos”, explica Jodian, antes de pontuar que o ambientalista também é responsável cuidar de seus outros quatro filhos, sendo que um ainda é menor de idade.

Ainda de acordo com o advogado, apesar dos valores de pensão estipulados não serem pagos por completo, Jorge não tem deixado a filha desamparada, depositando mensalmente o que “ele pode”. “Existe uma ação de execução de alimentos, onde é demonstrado judicialmente a atual capacidade financeira dele (Jorge).

Questionado sobre os valores que eram pagos antes e depois da pandemia, o advogado se recusou a falar de números, mas garantiu que a pensão está sendo paga, mesmo que reduzida. Graziele afirma não receber nada, enquanto o advogado alega que ela tem diversas contas, dando a entender que seria fácil ter um extrato sem depósitos do seu cliente.

Em tempo, Graziele segue buscando que o seu processo junto a Justiça transcorra o mais rápido possível, “sem interferências políticas”, que, segundo ela, ocorrem em função das relações que seu pai tem.

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