Mulher compra carro quebrado e diz que tem dificuldades para trocar

Publicado em 25/04/2013, às 12h17 Terena Cardoso (Twitter: @terena_cardoso)

Realizar o sonho de turbinar o seu negócio. Essa era a pretensão da representante comercial Maria Cícera

dos Santos, de 38 anos, que mora em Santo Antônio de Jesus e veio comprar um veículo em Salvador na concessionária Terra Forte em fevereiro deste ano. Acontece que um dia após a retirada do carro, um Fox Prata ano 2007/2008, Maria notou um barulho estranho no motor. Após o veículo ir e voltar da concessionária quatro vezes ela resolveu consultar um mecânico de confiança. “Descobri que o carro levou uma pancada muito forte e o monobloco estava empenado”, diz.

No monobloco, geralmente se encontra peças importantes para o funcionamento do motor do veículo. Diante da gravidade do problema e temendo que ele persista por mais alguns meses ou até anos, a comerciante decidiu trocar o carro. E foi aí que encontrou dificuldades. “Eles queriam me cobrar a taxa de transferência e o IPVA que eu já havia pagado no Fox, o que é injusto”, acredita. Segundo Maria, o valor poderia chegar a R$ 900 ou mais.

No entanto, o gerente da área de seminovos da concessionária, Rafael Trigo, negou as afirmações da comerciante e garante que nunca se opôs à troca. “Ela perguntou se o carro estava bom, quando eu disse que sim, ela mesma disse que preferia não trocar para não prejudicar os negócios dela”, diz o gerente, garantindo que as taxas também não seriam cobradas. “Não tem porque nós cobrarmos mais nada a ela, se ela já pagou a taxa e o IPVA do Fox. Foi ela quem optou por não trocar”, voltou a dizer.

Em um segundo contato com Maria Cícera, após ouvir o gerente, a fonte diz que não mentiu em suas declarações e afirma ter recebido um telefonema após a ligação da reportagem. “Eles me ligaram com outro discurso, dizendo que o carro estava bom e que eu podia buscar hoje mesmo. Eles nunca me ligaram, eu que sempre corri atrás para cobrar e logo hoje eles me ligam? Eles estão mentindo, me cobraram taxas, sim”, afirma a comerciante que decidiu pela troca do veículo. “Se eles disseram agora que não vão cobrar mais nada, vou lá agora para trocar”, finaliza.

O que diz a Lei

Para o advogado Cândido Sá, especialista na área de direitos do consumidor, se um carro apresenta um ‘vício permanente’ o cliente deve expor isso em um documento por escrito, anexar o parecer da avaliação de uma mecânica autorizada e solicitar a substituição de outros veículos. “Feito isso, a concessionária tem 30 dias para responder. Mas, como o problema dela foi com o monobloco, uma área complicada do carro, o correto seria um eles darem outro seminovo”, afirma. Sobre as taxas que teriam sido cobradas para substituir o carro, o especialista garante que isso é incorreto. “As despesas são do fornecedor. Nesse caso, a concessionária é a causadora dos danos, então, ela que arca com eles", assegura.

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