Justiça

MP arquiva processo de racismo de Alexandre Pires

Publicado em 24/05/2012, às 07h37   Revista Época



O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia arquivou o procedimento administrativo que investigava a suspeita de discriminação racial e sexista no videoclipe da música “Kong”, do cantor Alexandre Pires. A denúncia foi feita pela Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

O vídeo de “Kong”, que tem as participações de Neymar e MC Katra, foi lançado no início do deste ano, mas a denúncia só foi feita no inicio do mês de maio. A polêmica ficou por conta de o vídeo trazer Pires e Neymar fantasiados de gorilas. Ao lado deles, meninas de biquínis dançavam ao som da música.

De acordo com nota divulgada pelo MPF, o procurador da República Frederico Pellucci, que investigou o caso, diz que não viu ligação entre o uso da figura do gorila e a associação ao racismo.

Pellucci diz que analisou a letra da música e as cenas do videoclipe, e entendeu que a invocação ao gorila tem mais a ver com a virilidade do que com a negritude. “Não se pode dizer que a letra da música ou seu videoclipe tiveram a intenção de atacar quem quer que seja, mas sim apresentar-se de maneira descontraída e bem-humorada, descabendo adentrar na discussão quanto ao bom ou mau gosto na escolha das respectivas expressões e cenas”, diz o procurador, na nota.

O procurador também afirmou que liberdade de expressão é “a arma mais poderosa de defesa da liberdade e dos direitos do cidadão, merecendo, por isso, forte proteção”, diz a nota. Ele também descartou a denúncia de sexismo, e disse que o que se vê no clipe não é diferente do que a mídia brasileira apresenta.

A representação contra Alexandre Pires foi encaminhada para o Ministério Público Federal pela Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão do governo federal. De acordo com a Secretaria, o procedimento foi adotado após centenas de reclamações individuais e de entidades do movimento negro que acusavam o vídeo de ter conteúdo racista.

Para o autor da denúncia, Carlos Alberto Silva Júnior, ouvidor nacional da Igualdade Racial, o clipe de “Kong” reforça estereótipos de inferiorização da população negra.

Em nota, Pires se defendeu das acusações e se disse “chocado” com a leitura racista do videoclipe. “Sou negro com orgulho da minha cor”, afirmou. “Devemos tratar toda e qualquer brincadeira com macacos e gorilas como uma referência a ser apagada da nossa memória?”

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