Coronavírus

Diretora-geral do Couto Maia desabafa sobre desgaste dos profissionais de saúde durante pandemia

Reprodução/Instituto Couto Maia
Jovens e velhos têm a sensação de que a Covid não pega neles, e não é verdade", alertou durante entrevista  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instituto Couto Maia

Publicado em 17/02/2021, às 18h21   Redação BNews


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A médica infectologista Ceuci Nunes, diretora-geral do Instituto Couto Maia, contou nesta quarta-feira (17), durante entrevista ao radialista Mário Kertész, um pouco da rotina desgastante a qual os profissionais de saúde estão submetidos em virtude da pandemia do novo coronavírus.

"Eu queria muito que todas as pessoas - incluindo o presidente da República - tivessem a oportunidade de passar uma hora dentro de uma UTI Covid", afirmou. 

Ela descreve que alguns equipamentos de proteção individual (EPI's) precisam ser periodicamente trocados pelos profissionais de saúde entre um atendimento e outro - o que acaba gerando stress aos trabalhadores da área. Nunes cita como exemplo as máscaras N95, que marcam o rosto do seu usuário.

"E tem outra: uma UTI Covid não é como uma UTI normal. Em uma UTI normal - com outras doenças - a gente tem três pacientes em estado muito grave. Na UTI Covid, em cada dez, a gente tem sete em estado muito grave. Isso é uma sobrecarga para a equipe de saúde imensa. Vamos fazer um ano nisso", aponta.

A infectologista conta que é desgastante ver pacientes jovens e velhos chegando à unidade com "o pulmão destruído". Durante a conversa, ela contou que uma semana atrás sua equipe perdeu um paciente de 35 anos que fazia atividade física regular, e sem histórico de doenças.

Ainda assim, o vírus compromete seu sistema respiratório de modo irreversível. "Jovens e velhos têm a sensação de que a Covid não pega neles, e não é verdade", alertou. 

"Não dá para viver nesse stress medonho que a gente tá vivendo e ver a população vivendo como se nada tivesse acontecendo. Sem usar máscara - ou usando a máscara com o nariz de fora, indo para festa, indo para 'paredão', levando a doença para dentro de casa, para os mais vulneráveis", continuou.

Ela acrescenta que as exceções e negligência da população tem sobrecarregado os profissionais de saúde, e concluiu apontando para a necessidade da população entender a gravidade do momento que a sociedade passa com a crise sanitária. "Acho que preciso de um ano de férias para me recuperar desse ano de catástrofe", desabafou.

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