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Candeias: Ex-diretora de hospital contesta exoneração e conta versão sobre bebê arrumado para enterro ao lado de lixeira

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Ex-diretora disse que foi exonerada sem ser ouvida pela secretaria da Saúde  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ YouTube

Publicado em 15/06/2020, às 19h58   Redação BNews


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A ex-diretora administrativa do Hospital Ouro Negro, situado no município de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), Érica Oliveira, que foi exonerada na última quinta-feira (11) pela secretária municipal da Saúde, Soraia Cabral, após o caso do corpo de um recém-nascido que foi “arrumado” pela funerária ao lado de um container de lixo, dará depoimento na próxima quinta-feira (18), na Câmara Municipal da cidade, explicando a versão dela dos fatos.

Érica falou com exclusividade ao BNews, nesta segunda-feira (15), e disse que foi exonerada injustamente, sem direito a dar depoimento durante a sindicância aberta pela prefeitura para apurar o caso.

Segundo a ex-diretora do hospital, na manhã da última terça-feira (9), ela foi informada pelo serviço social da unidade de saúde que havia três corpos no necrotério, com suspeita de Covid-19. Ao chegar no hospital, ficou sabendo por uma enfermeira que havia também um natimorto na maternidade.

“Passei a orientação que o natimorto deveria permanecer na maternidade até que fosse feita a retirada dos corpos para fazermos a desinfecção do necrotério. Expliquei também que, caso a funerária chegasse antes disso, eles deveriam informar que infelizmente não seria possível arrumar o corpo no necrotério antes da desinfecção, pelo risco de contaminação. Nesse caso, o natimorto deveria ser levado à funerária para ser arrumado lá, onde tem uma sala apropriada”, relatou.

De acordo com Érica, quando o carro da funerária chegou, ela estava fazendo relatórios de urgência solicitado pela própria secretaria da Saúde.

“O agente de portaria avisou ao agente funerário sobre a situação do necrotério e deu todas as orientações que eu recomendei. Tudo isso está relatado no livro de ocorrência”, descreveu. “Enquanto o agente de portaria foi até a recepção da emergência com o avô do natimorto para assinar o protocolo de entrega do corpo, a técnica de enfermagem fez a entrega do natimorto ao agente de funerária. Na hora de assinar o protocolo de recebimento do corpo, ao invés de botar o corpo dentro do carro, ele botou em cima do capô. Já fez errado. Não precisava ter pressa para fazer esse procedimento. A gente tem que ter pressa é para salvar vidas”, contou.

Pedido do pai
Segundo o relato da ex-diretora, nesse momento, o pai da criança teria pedido que retirassem o lençol para tirar uma foto do bebê para lembrar do rostinho dele.

“Dentro das dependências do hospital não é permitido tirar foto sem autorização, mas a técnica de enfermagem só avisou que era para tomar cuidado com a retirada do tecido para não machucar a pele do bebê, que já estava se deteriorando. O agente funerário, na tentativa de ajudar, disse que iria arrumar melhor para o pai tirar a foto. Foi nesse momento que o agente funerário botou o bebê no chão para que o pai pudesse tirar a foto. Foi aí que um funcionário do lava jato chamou o vereador que veio e filmou a cena que repercutiu na imprensa”, descreveu.

Sindicância
Ao BNews, Érica contou que foi exonerada sem ser ouvida pela secretaria. “Quando o agente da portaria voltou e viu o caixão no chão e o vereador filmando, ele saiu para procurar a coordenadora dele, que não estava na casa. Ele veio até minha sala para me contar o que aconteceu e, na mesma hora, eu já estava recebendo mensagem da secretária da Saúde. Eu deleguei a atividade corretamente, mas as pessoas acabaram falhando. Eu não fui convocada para conversar. Em uma sindicância é preciso apurar os fatos conversando com todos os funcionários. Eu sei dos detalhes porque, no dia seguinte, conversei com todos eles. Pode ser que o agente funerário tenha ficado sensibilizado com o pedido do pai e só quis ajudar, mas isso acarretou consequências que acabaram me prejudicando”, disse Érica.

“Recebi o ofício afirmando que fui exonerada pelo WhatsApp. Botaram a culpa em cima de mim e isso me prejudicou profissionalmente. Vou entrar na Justiça porque o currículo que eu conquistei foi com muito suor e não foi da noite para o dia. Eu sou formada em administração hospitalar e não vou abrir mão disso”, destacou.

Classificação Indicativa: Livre

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