Cidades

Dessalinizador em Santa Brígida muda cenário de abastecimento de água doce

Publicado em 27/03/2015, às 15h19   Aparecido Silva (Twitter: @CydoSylva)



No distrito de Minuim, zona rural do município de Santa Brígida, no sertão do nordeste baiano, a água para consumo sempre foi salgada, ou salobra, na linguagem da população local. Há cerca de 15 anos, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente chamado Água Doce implantou um dessalinizador que trata, através do processo de osmose reversa, água salgada vinda do poço artesiano, imprópria para o consumo humano, em água mineral.
Segundo a presidente da associação de moradores do distrito, Iris do Céu, "antigamente, tinha que buscar água a uns três quilômetros com balde na cabeça. Só tinha uma barragem de água doce, mas as pessoas não zelavam".
Por conta da água imprópria para o consumo, dois filhos de Iris tiveram diarréia e um deles apresentou infecção intestinal por conta da ferrugem existente nos tanques dos caminhões-pipa.
Contando agora com o dessalinizador, os moradores adquirem um recipiente com 25 litros de água após adquirir uma ficha no valor de 0,25 centavos. Por semana, segundo Iris, cada família adquire dois recipientes para uso na cozinha e consumo humano. Para outros fins, os moradores contam com água salgada encanada nas torneiras. Aliás, essa é uma reclamação do tesoureiro da associação comunitária, Edvaldo dos Santos. "Precisamos ter água doce encanada também. Hoje nós temos que vir aqui no sistema de dessalinizador buscar a água. E mesmo a salgada não tem com regularidade, às vezes eu tenho que comprar carro-pipa para usar no banheiro em casa", afirmou Edvaldo.
O sistema de dessalinizacão recebe a água bruta, que é tratada e disponibilizada aos moradores que fazem parte da associação. A água que resulta do processo de purificação passa por um tanque de tratamento e então é encaminhada para o segundo tanque onde são criados peixes da espécie tilápia. A produção de peixe, sob os cuidados da associação de moradores, é vendida por 7,00 reais o quilo.
A água descartada do viveiro de peixes é usada em seguida no cultivo de uma plantação importada da Austrália. Conhecida como erva sal, a atriplex, nome científico, é destinada ao consumo dos animais. Segundo Rubem Zaldivar, coordenador do Programa Água Doce, a escolha de Santa Brígida para sediar o projeto inicialmente se deu por critérios técnicos. "O programa vai ser implantado em 41 municípios da Bahia que enfrentam o problema de água salgada. Aqui foi o primeiro lugar por ter o pior IDH e o pior ICA, o índice de criticidade alimentar", explicou o uruguaio Zaldivar. O coordenador também apontou a melhora na composição alimentar dos moradores com a inclusão de peixe no dia-a-dia.
Nesta sexta-feira (27), o governador Rui Costa (PT) e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira visitaram o projeto e assinaram a ordem de serviço para implantação e recuperação de 145 sistemas de dessalinizacão que tem custo aproximado de 150 mil reais por unidade.

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