Brasil

Morre o economista e ex-ministro do Trabalho Walter Barelli

Mastrangelo Reino/Folhapress
Aos 80 anos, ele estava em coma havia três meses; comandou o Diesse, quando a entidade se tornou referência, e deputado federal pelo PSDB  |   Bnews - Divulgação Mastrangelo Reino/Folhapress

Publicado em 19/07/2019, às 12h29   Redação BNews



Morreu na noite desta quinta-feira (18) o ex-ministro do Trabalho (1992 - 1994) e economista Walter Barelli. Ele faria 81 anos no próximo dia 25. Estava internado desde abril, após bater a cabeça numa queda.

O velório ocorrerá na tarde desta sexta-feira (19), na cripta da Catedral da Sé, em São Paulo. O horário de início será às 15h e segue até as 22h –a partir das 19h acesso apenas pelo fundo da catedral. 

No sábado (20), o velório começa às 7h30 e segue até as 10h, quando haverá uma missa. O enterro acontece às 11h no Cemitério Gethsêmani Anhanguera.

Doutor em economia, Barelli era referência no campo do sindicalismo. Durante 23 anos, foi diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), cargo que assumiu no começo da ditadura militar, em 1965.

No instituto, deu retaguarda a campanhas sindicais e de melhoria de condições de trabalho que foram bandeiras do movimento sindical que se fortaleceu no final dos anos 1970. Por causa de sua atuação, foi preso pelos militares em 1979, mas liberado após protestos de sindicalistas e políticos.

Seu trabalho à frente do Dieese expôs manipulação dos dados oficiais de inflação pela ditadura, em 1973, sob o comando do então ministro Delfim Netto. O instituto recalculou o índice para mostrar que a inflação era mais alta que a divulgada pelo governo. O trabalho foi citado pelo Banco Mundial em 1977, e deu impulso às campanhas salariais em 1977 e 1978. 

No final dos anos 1980, aproximou-se do PT e foi assessor da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, vencida por Fernando Collor de Mello. Integrou o chamado “governo paralelo”, grupo criado pelo PT para elaborar propostas alternativas ao do governo Collor.

Em depoimento ao Dieese ressaltou a participação do instituto na Constituição de 1988. “Nós conseguimos colocar muita coisa na agenda política nacional. Então é possível a um órgão pequeno colocar seu tijolinho em uma grande construção. Eu acho que o Dieese não colocou um, colocou vários tijolos.”

Barelli foi convidado por Itamar Franco para assumir o Ministério do Trabalho. Defendia a aprovação de uma reforma trabalhista, com livre negociação entre empregadores e empregados e redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais e contratos coletivos. 

Outro ponto de atuação do economista era o empreendedorismo. Fez parte da Frente Parlamentar de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e defendia desburocratização e juros mais baixos para facilitar os negócios de microempresários.

Filiou-se ao PSDB em 1994. No estado de São Paulo, do qual foi secretário do Trabalho nos governos Covas e Alckmin, implantou as Frentes de Trabalho para desempregados e o Banco do Povo Paulista, que emprestava a juros de 1% ao mês.

Desde 2007, quando terminou seu mandato na Câmara, concentrou-se na carreira acadêmica. Foi professor da Unicamp e deu aulas também na FGV e na PUC.

Filho de um mecânico de manutenção e de uma tecelã, foi também militante na universidade e bancário.

Barelli é autor de "O Futuro do Emprego" e "Distribuição Funcional de Renda nos Bancos Comerciais" e co-autor em diversas publicações.

Viúvo, deixa três filhos, Suzana, Pedro e Paulo.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp