Personalidade

Em São Paulo, modelo troca passarelas pelo crack

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Loemy deseja sair do vício e se tornar engenheira  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 24/11/2014, às 12h11   Amanda Sant'ana (Twitter: @amandasmota)


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Uma ex-modelo mato-grossense saiu da sua cidade em busca de oportunidades para a carreira, rumo a São Paulo, e uma vez na terra da garoa encontrou um outro caminho: o crack. Loemy, de 24 anos, 1,79 metro de altura e olhos verdes, chama a atenção em meio à sujeira do local conhecido como cracolândia, no centro da capital paulista.
Em entrevista a revista Veja São Paulo, na semana passada, a jovem contou que, quando não está sob o efeito de drogas, é uma pessoa lúcida e articulada, com consciência da sua situação: “Quando me mudei para São Paulo e descobri que existia um lugar como a cracolândia, fiquei horrorizada com aquelas pessoas na rua. Hoje, eu é que estou nessa situação”, disse.
Loemy assumiu que consome cerca de cinco pedras de crack por dia, a um valor de R$ 10 cada, e para conseguir o dinheiro se prostitui. A ex-modelo contou à revista que se sente humilhada ao pedir esmola e que, uma vez, tentou roubar uma senhora, no entanto, ao empurrá-la para pegar a bolsa, sentiu-se mal ao vê-la cair no chão e prometeu nunca mais repetir a ação.
A ex-modelo lembra ainda o dia e horário em que fumou crack pela primeira vez: 15 de setembro de 2012, às 4h da manhã. Loemy disse que estava em um táxi e, em vez de ir direto para casa onde morava com outras duas meninas, desviou o caminho e desceu perto da Praça Júlio Prestes para comprar maconha. Contudo, foi assaltada e o desespero por ter perdido o pouco dinheiro que lhe restava tomou conta: “Até que colocaram um cachimbo na minha boca. Foi como uma tomada para carregar”.
Loemy nasceu em um município de aproximadamente 50 mil habitantes, no interior do Mato Grosso e é a filha mais nova de uma empregada doméstica e um garimpeiro. A mãe, Elizabeth, conversou com a revista e contou que foi a São Paulo em junho de 2013 para tentar convencer Loemy a voltar para a cidade onde nasceu, para fazer tratamento, mas não obteve sucesso. Agora, apela para as orações.
“Já tentei interná-la, mas não deu certo. Toda noite fico de joelhos e oro por duas horas, pensando quantas noites ela não dorme com fome. A única solução é conseguir um tratamento em São Paulo”, falou Elizabeth, que é fiel da igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil.
Outras pessoas também tentaram tirar a ex-modelo das ruas oferecemdo-lhe casa, tratamento, passagem de volta para casa, mas o vício sempre a levava de volta para a cracolândia. No ano passado, ela chegou a passar pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), na capital paulista, mas se negou a ser internada e também não quis passar por atendimento psicossocial. 
Na infância, foi abusada sexualmente pelo padrasto. Nas ruas, também já foi violentada. A vaidade dos tempos de modelo já não existe mais. Apesar da situação em que vive e do passado que ela lembra alternando dores e alegrias, Loemy ainda deseja sair dessa e voltar a estudar: “Quero ser engenheira, acho que estou velha demais para ser modelo”, contou.

Classificação Indicativa: Livre

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