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ACM Neto e o apoio útil

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Repórter de Política do BNews analisa possível escolha de apoio de ACM Neto no segundo turno das eleições  |   Bnews - Divulgação Joilson César/BNews

Publicado em 04/10/2022, às 13h44 - Atualizado às 13h58   Eduardo Dias



Passado o primeiro turno das eleições para o governo da Bahia e para a escolha do presidente do país, mesmo com um pouco de sono e cansaço, apesar de ter se recuperado da longa noite de apuração dos votos, resolvi rabiscar sobre um determinado cenário neste segundo turno. Vamos lá. 

Desde o início da campanha eleitoral, ACM Neto (UB) adotou a estratégia de não declarar apoio a nenhum presidenciável, com o discurso de que, para ele, não importava quem fosse eleito para a Presidência, pois ele se garantia em governar a Bahia com qualquer um deles, como afirma ter feito em Salvador com três diferentes presidentes no poder: Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Esse movimento foi apelidado pelos opositores do ex-prefeito de "política do tanto faz".

No entanto, governar a Bahia sem o apoio e olhar "bondoso" de um presidente é um pouco mais difícil do que se imagina, vide Rui Costa (PT), que enfrentou sérias dificuldades com Bolsonaro em seu segundo mandato. 

Afinal, me pergunto se ACM Neto se aliaria a Bolsonaro nesse segundo turno. O presidente, inclusive, já acenou nesta terça-feira (4) ao ex-prefeito, afirmando estar “à disposição”. Neste caso, o interesse é mais de Bolsonaro do que de ACM Neto. Mas o que está em jogo agora? 

Bom, muitos fatores, é verdade. Um deles é a parcela de votos lulistas que Neto conquistou. Cerca de 1.8 milhões de eleitores de Lula na Bahia não votaram no candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, mas que apesar disso largou na frente e quase leva a disputa em primeiro turno, contrariando 90% dos institutos de pesquisas que colocavam o ex-prefeito à frente em todos os levantamentos. A exceção foi a Atlasintel, que chegou o mais próximo do resultado final, dentro da margem de erro. 

Neto pode e deve acenar aos eleitores de João Roma (PL), candidato de Bolsonaro que ficou em terceiro lugar, e que são bolsonaristas ferrenhos e, acima de tudo, antipetistas na Bahia.

Mas o questionamento é o seguinte: o que vale mais? Os votos dos mais de 738 mil eleitores de Roma ou a boa parcela dos eleitores lulistas que optaram por votar nele? Isso é muita coisa e tem o seu devido valor no segundo turno. 

Sabe-se que Neto não é besta nem nada e por isso deve estar preparando uma estratégia que seja suficiente para não perder esse apoio útil de um lado nem de outro. Resta a nós, meros espectadores da política baiana e adivinhadores da sabedoria do “soberano”, saber qual será o desfecho dessa novela.

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