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Saiba quem é Gustavo Ferraz, preso pela PF e "braço direito" de Geddel

Imagem Saiba quem é Gustavo Ferraz, preso pela PF e "braço direito" de Geddel
"O nível de confiança que Geddel tem com Gustavo, ele só tem com o irmão Lúcio"  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/09/2017, às 09h00   Redação BNews


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Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, 47, foi preso pela Polícia Federal (PF), na sexta-feira (8), durante a 4ª fase da Operação Cui Bono. Segundo o Uol, há pelo menos uma década, a escolha pela amizade do ex-ministro Geddel Vieira Lima e de seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), levou Ferraz a assumir cargos públicos na Bahia e a se tornar uma espécie de "braço direito" da dupla.

"O nível de confiança que Geddel tem com Gustavo, ele só tem com o irmão Lúcio", afirmou ao UOL uma fonte próxima aos dois, sob a condição de sigilo.

Casado, pai de dois filhos, torcedor do Vitória, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gustavo Ferraz é um advogado de discreta atuação jurídica --trabalhou em apenas três processos nos anos 1990, de acordo com pesquisa feita pela reportagem no sistema do Tribunal de Justiça da Bahia(TJ-BA). Ele foi diretor de Habitação da cidade de Salvador, entre os anos de 2015 e 2016, na primeira gestão do prefeito ACM Neto (DEM). Conforme Uol, quando Geddel ainda era aliado do então governador Jaques Wagner (PT), Ferraz foi superintendente de Desenvolvimento Industrial e Comercial da Bahia, em 2009. Antes, ele havia dirigido a Agência do Desenvolvimento Econômico de Salvador nos anos de 2007 e 2008, durante a gestão do então prefeito João Henrique, apoiado pelos Vieira Lima.

O último cargo público que Gustavo Ferraz ocupou, do qual foi exonerado quase imediatamente após se tornar pública sua prisão, foi o de diretor-geral da Codesal (Defesa Civil de Salvador), onde comandava um dos mais importantes projetos da gestão de ACM Neto: a "Operação Chuva", que prevê ações de prevenção e enfrentamento dos efeitos das chuvas em uma cidade que registra mais de 600 áreas de risco de desabamento ou deslizamento.

Em 2016, Gustavo Ferraz tentou uma candidatura à Prefeitura de Lauro de Freitas, cidade da região metropolitana de Salvador e com população estimada em 197 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sem conseguir viabilizar seu nome, Gustavo Ferraz acabou por compor a chapa como vice do candidato Mateus Reis (PSDB).

Entre 2011 e 2013, Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. A PF e o MPF (Ministério Público Federal) suspeitam que ele recebia propinas pagas por empresários em troca de facilitação ou liberação de créditos do banco público. O esquema de corrupção, que também envolveria o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é objeto de investigação da Operação Cui Bono. Durante a campanha eleitoral de 2012, o UOL apurou que Gustavo Ferraz era a pessoa encarregada por Geddel de definir quais candidatos a prefeito e vereador seriam apoiados com recursos do PMDB baiano.

De acordo com a PF, Ferraz seria uma pessoa ligada a Geddel que, naquele mesmo ano de 2012, teria sido indicada pelo ex-ministro para receber recursos ilícitos repassados por Altair Alves, apontado pela Operação Lava Jato como um dos operadores de Cunha.

O encontro marcado entre Ferraz e Altair teria acontecido no Hotel Clarion Faria Lima, em São Paulo. "Na ocasião desse encontro (e, ao que tudo indica, em outros), firmam o compromisso de enviar pessoas para representá-los. A pessoa indicada por Eduardo Cunha seria Altair, enquanto Geddel indicaria Gustavo. Ao constatar o registro no Hotel Clarion, percebe-se que Altair Alves Pinto ficou lá hospedado, no quarto 1302, entre os dias 5 e 6 de setembro de 2012", afirma o MPF.

Em nota, a defesa de Geddel Vieira Lima disse que ainda não teve acesso às provas colhidas pela PF nas últimas apreensões e que por isso não poderia se manifestar. "A defesa técnica de Geddel Vieira Lima informa que somente se manifestará quando, finalmente, lhe for franqueado acesso aos autos, especialmente aos documentos que são mencionados no decreto prisional." 

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Classificação Indicativa: Livre

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