Eleições

Aliada, Jailce Andrade pede mais atenção de Rui para Camaçari

Publicado em 06/09/2016, às 00h00   Alexandre Galvão


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Por Alexandre Galvão

Candidata do PCdoB à prefeitura de Camaçari, Jailce Andrade pede que o governador Rui Costa (PT) olhe mais pelo município. Em entrevista ao Bocão News, a candidata afirmou que a cidade sofre com a falta de manutenção de estradas estaduais que passam pelo município.  “A gente precisa muito que Rui veja mais por Camaçari. A gente tem  muita dificuldade com as BAs, né, que são as estradas de Camaçari. Com relação também ao Hospital Geral e construir uma maternidade”, pediu.

Candidata pela primeira vez, a comunista aposta na “renovação”, mesmo estando ligada ao partido político mais antigo do país e a líderes que já disputaram inúmeras eleições. “Nova política é falar de novas perspectivas, pessoas que rompam com velhos vícios, como o toma-lá-dá-cá. Romper com velhos hábitos e mostrar ao cidadão que ele pode mudar isso. Ele pode mudar através de pessoas que tenham essa visão”, justificou. Caso eleita prefeita, Jailce Andrade promete atenção especial para a educação e geração de empregos.

A senhora é ex-secretária e eu queria saber o que te motivou a ser candidata à prefeitura de Camaçari?

Bem, é disputar o Executivo é um desafio, por conta do momento político. Há muito descrédito. A gente vê que pessoas novas e que não tem o vício da política possam ingressar nesse mitiê para que a gente possa transformar a política. O que mais me motivou foi isso. O momento do Brasil, de Camaçari. Queremos dar um pouco de si para melhorar a vida das pessoas.

A senhora participou da gestão do atual prefeito Ademar Delgado (PCdoB) e agora é candidata. A senhora se sente conhecida na cidade?

Estamos trabalhando para isso. Trabalhando muito. Eu nunca participei de uma disputa eleitoral e claro que eu não tenho a mesma densidade eleitoral que meus adversários têm e eles vêm trabalhando na perspectiva de disputar a prefeitura a mais tempo do que eu. Então, transformar meu nome em mais conhecido é um desafio, assim como esse período curto de campanha. Eu estou trabalhando muito para isso. Eu creio que esse lema, essa proposta de renovação, eu creio que a gente pode dar um salto e fazer com que a população conheça o nosso nome.

Pesquisas apontam a senhora com pouco menos de 5% das intenções de voto. Isso chega a desestimular?

Não. Nós temos vários vários exemplos de que pesquisa não ganha eleição. Um exemplo disso é o Jaques Wagner. As pesquisas mostravam vitória de Paulo Souto e Wagner ganhou. Assim como Rui. Haddad em São Paulo. Então, não desestimula não. Estimula para que a gente trabalhe mais para que a gente possa vencer.

A senhora tem falado muito da nova política. Explica para o nosso leitor como a senhora quer fazer parte da nova política vinculada a Ademar - que já tem uma história - e ao PCdoB…

Ademar é prefeito de uma só gestão. Ele foi secretário, tinha uma trajetória de cargos públicos, mas como prefeito foi a primeira vez. Nova política é falar de novas perspectivas, pessoas que rompam com velhos vícios, como o toma-lá-da-cá. Romper com velhos hábitos e mostrar ao cidadão que ele pode mudar isso. Ele pode mudar através de pessoas que tenham essa visão. O principal trabalho nosso é de conscientização, de esclarecimento. O resultado da política aí é de quem vota, de quem mantém essa política. A hora é apostar em pessoas novas. A política é quem define como você quer a saúde do seu município.

Dá para fazer nova política dentro do PCdoB, que é um partido tradicional? Como vai fazer isso dentro de uma aliança de mais de dez partidos?

A gente sabe que no Brasil os partidos políticos fazem toda estruturação para que a política aconteça. O PCdoB é o partido mais antigo do país, tem tradição nas forças revolucionários, que sempre focou no trabalhador, nos mais pobres. É um partido que me dá segurança para saber que minha candidatura vai ser mantida até o final, ao contrário de muitos partidos que são de alugueis. O nosso país carece de uma reforma política, para que a gente não tenha tanto isso do partido como um negócio. O PCdoB não tem isso, é tradicional, onde tem pessoas que vestem a camisa da ideologia, e eu acredito muito no partido e é por isso que estou nele. Permanece com sua ideologia. No sistema político brasileiro, sei que a gente precisa mudar essas estruturas, mas não passa só pela minha vontade.

O PCdoB é muito ligado ao PT. O PT hoje sofre uma crise de imagem forte e o PCdoB vem como uma segunda via… dentro da sua estratégia, a senhora acha que consegue desvincular o PCdoB do PT?

Tradicionalmente, são partidos que nasceram da mesma fonte. O PCdoB tem uma base ideológica mais forte, mas o PT também voltado para o trabalhador. O PT se tornou governo, teve uma ótima oportunidade de romper com essa velha política, teve um momento muito bom com Lula, mas falhou com isso. Poderia ter mudado paradigmas, mas acirrou mais isso e entrou uma política que a esquerda não aceita mais. Agora, tem que dar um passo para trás e reconhecer os erros. Esses erros têm de ser reconhecidose se reestruturar. Os erros não foram do partido, mas de pessoas do partido. O que aconteceu com o PT não foi só com eles, mas sabemos que tudo que a grande mídia mostra, as grandes investigações, atingiram diversas lideranças no país. O PCdoB vem buscando se afirmar e é sim uma alternativa. A gente precisa dar oportunidade para que essas pessoas possam se colocar como alternativa e, por isso mesmo, que o PCdoB te mostrado que em força.

Se Jailce for prefeita em 1º de janeiro de 2017, ela irá chamar o PT para compor o seu governo?

Você sabe que apoio a gente não pode negar. Você quer me apoiar? venha. Agora, como é que a gente tem que discutir. A gente tem que saber qual o perfil das pessoas, como elas vão contribuir. Contribuição para uma boa gestão tem que vir de todos, mas dentro do processo político você vai buscar quem te ajudou na caminhada. Essa será a nossa posição, o nosso caminho.

A senhora falou muito da tradição do PCdoB com os trabalhadores, mas a cidade sofreu muito com grandes greves. Enquanto secretária, como a senhora atuou nesses processos e como pretende lidar, caso assuma o governo?

Eu não participei muito, pois já estava quase me afastando do governo. Mas foi um processo que tentamos estabelecer o diálogo, mas não participei direito. Por trás desse processo, tinha articulação política para promover um desgaste. Tivemos um diálogo difícil, pois o prefeito tentava de todas as formas mostrar que não tinha como dar o aumento, em função da queda de arrecadação e o limite da folha de pagamento. A Lei de Responsabilidade Fiscal é clara, mas, mesmo assim, o prefeito fez um acordo, disse que ia dar o aumento e eles permaneceram em greve. Por fim, na semana passada, os médicos, por conta da Justiça, encerraram e os servidores públicos permanecem em greve. Tem uma atuação política muito forte. O quanto pior, melhor.

Quem orquestra isso?

As forças contrárias ao prefeito Ademar e à nossa proposta…

...é Caetano, Elinaldo?

Eles também. Então, tem uma força política que atua de forma contrária para fazer o quanto pior, melhor. Os servidores têm direito a greve, mas a gente saber que o município tem o seu limite. Então, ele chegou nesse limite.

Camaçari, territorialmente falando, é maior do que Salvador e tem o segundo maior PIB do Estado. Como faz para gerir uma economia desse tamanho, numa cidade tão grande, quando nunca se geriu uma máquina dessa estrutura?

Eu tenho 12 anos dentro da gestão. Passei por várias pastas, passei pela Secretaria de Governo duas vezes e lá você olha o governo como todo. Na secretaria de Desenvolvimento Social a gente circulou pela cidade toda. É muito complexo. Tem a orla, a sede e a zona rural. Dentro das nossas propostas, uma das ideias é promover a descentralização para atender as pessoas. Eu sempre tive essa ideia dentro da gestão, mas não tinha como colocar como uma meta. É fazer com que o serviço chegue na ponta, de maneira mais eficaz.

Seria uma espécie de prefeitura-bairro?

Seria uma espécie de gestão descentralizada. levar a estrutura pública para algumas localidades mais afastadas. Ontem eu tive num povoado e as pessoas reclama que o serviço não chega, que tem dificuldade com energia. Chegar nesses lugares requer ter uma estrutura administrativa. Camaçari é uma cidade com industrias, com um passivo social grande. É uma cidade rica, mas de uma população pobre. Temos que trabalhar políticas públicas, melhorar a micro e pequena empresa que consegue absorver a mão de obra, qualificar melhor o nosso jovem para tentar minimizar a questão social. Quem mora hoje em Camaçari é uma população carente. Você percebe quando olha sede e orla.

O governador Rui Costa tem dois candidatos em Camaçari: você e o deputado Caetano (PT). Você sente algum tipo de predileção por ele ou por você?

Ela já declarou que, onde tiver candidaturas da base, ele não interferir. A gente sabe que Rui é do PT e Caetano é do PT e ele esteve em Camaçari durante o lançamento da candidatura de Caetano. Ele também não fez nenhuma objeção a mim ou ao partido… ele mandou eu ir em frente para ver como as urnas iriam se comportar. Eu não vejo predileção. Ele se mantém neutro, apesar de ter ido para o lançamento de Caetano. A gente precisa muito que Rui veja mais por Camaçari. A gente tem  muita dificuldade com as BAs, né, que são as estradas de Camaçari. Com relação também ao Hospital Geral e construir uma maternidade.

Ele disse que queria entregar a Caetano…

Foi? Bom (risos)... Espero que ele entregue a mim. Vou trabalhar para isso. Ele vai ter que entregar a quem estiver lá e tomara que seja a Jailce Andrade. As questões das BAs, eu conversei com ele para ter esse olhar especial. Tem a Via Cascalheira, que está bem precária, cheia de buracos e a gente precisa que ele olhe mais por Camaçari.

Durante o lançamento da candidatura de Caetano, Rui disse que iria tentar unificar as candidaturas de Jailce e Caetano. Isso é uma missão impossível?

São visões diferentes e distantes. A aliança que é formada pelo grupo político que faço parte, é manter a candidatura até o final, com uma perspectiva de vitória. Sem fazer nenhum conchavo, sem aliança e eu vejo o partido empenhado nisso. É um momento político que temos que dar a nossa parcela de renovação, renovar as lideranças, a candidatura é para manter até o final, independente do resultado. Nunca houve nenhum assédio para eu tirar minha candidatura. A gente dialoga sempre e nunca teve conversa nesse sentido.

Queria que a senhora elencasse algumas das suas principais propostas. O que a senhora vai buscar fazer primeiro como prefeita?

Primeiro, quero conscientizar o povo de que o prefeito é um servidor da população. Ele está lá para prestar um bom serviço, sob o comando do povo. Essa vai ser a nossa principal bandeira, dar poder ao povo. A gente quer trabalhar a transparência pública, sistema de informação e de gestão para deixar isso transparente e outros cinco eixos, como a educação, saúde, infraestrutura. Na educação, a gente fala muito das creches. Camaçari é uma cidade operária, as mães precisam e deixar seus filhos nas creches, a gente tem poucas unidades. Temos que melhorar a educação fundamental, melhorar a formação para que os jovens possam ter acesso aos empregos de Camaçari. Dentro do eixo de Saúde, é melhorar toda atenção básica. Temos bons equipamentos e só precisamos colocar eles para funcionar. Precisamos dialogar com as cidades vizinhas, pois há uma invasão muito grande atrás do serviço. Então, precisamos nos consorciar. Isso é um desafio que colocamos dentro do nosso programa de governo. De infraestrutura: Camaçari cresceu muitos nos últimos anos. Então, você trabalhar as questão dos social para cuidar das pessoas, na atenção, minimizar a desigualdade social. No desenvolvimento econômico, além da grande indústria, a gente precisa potencializar as pequenas empresas que fomentam a economia e aumentem a empregabilidade. Queremos dar alternativas para o povo de Camaçari. A questão da segurança pública tem que passar por condições das pessoas terem emprego, renda, desenvolver os seus potenciais, um amplo programa de melhoria de vida. Além de uma interface com a polícia Civil.

Classificação Indicativa: Livre

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