Eleições

Claudio Silva diz que município fez firula e teve pouco resultado na educação

Publicado em 11/09/2016, às 00h00   Redação


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Por Aparecido Silva e Rodrigo Daniel Silva

O candidato à prefeitura de Salvador pelo PP, Cláudio Silva, diz que o modelo de exclusividade para cervejaria no carnaval adotado por ACM Neto (DEM) é "um absurdo". "O carnaval começou como uma manifestação cultural e se transformou para essa gestão que está aí em um negócio", criticou.

Em entrevista ao Bocão News, o pepista ainda criticou a política educacional de Neto. "Hoje, eu e tenho certeza que qualquer mãe, que tenha consciência, vai preferir escola de Rui, porque tem um programa para voltado para amar a educação e recuperar a qualidade, o que o município não conseguiu fazer. O município fez muita firula e pouco resultado", alfinetou.

Confira:

Bocão News - Candidato, a gente tem um cenário novo nestas eleições que é o fim do financiamento privado de campanha. Como está sendo fazer campanha com doação de pessoas físicas e fundo partidário?

Claudio Silva - Eu acredito que foi muito importante a mudança. Existia de fato um desequilíbrio em favor daqueles que conseguiam recursos na iniciativa privada com certa facilidade, ou porque eram pessoas de posses ou porque estavam no poder e criavam alguma forma de negociação. Eu acho que no futuro isso vai ser o diferencial nas campanhas eleitorais. Entretanto, há necessidade de que a legislação seja ajustada para eleições futuras. O processo legislativo brasileiro precisa, em toda e qualquer area, ser observado e depois naturalmente se faz os ajustes para que se possa produzir os efeitos que se deseja. Apesar de hoje não contar mais com o financiamento de empresários ou pessoas de posse que bastavam chegar lá simplesmente e colocar o dinheiro, você passou a dar a aquele que está no poder essa condição. Dentro dessa dimensão, a nova realidade é perversa com quem quer se apresentar com uma proposta e não é conhecido e não tem a oportunidade de contar com muitos amigos que façam doaçoes pessoais. Isso é dificil. Não se faz uma campanha eleitoral sem dinheiro. Na minha opinião, vai prevalecer a criatividade, ter a capacidade de se reiventar, de fazer com que as peças publicitárias sejam diferentes e é isso que a gente vem apresentando. É claro que um prefeito que parte para a reeleição e tem R$ 65 ou R$ 68 milhões por ano para fazer publicidade da máquina estará em franca vantagem. Ele apresenta para a população durante três anos e meio os seus projetos, os seus trabalhos, faz as suas aparições também em toda a mídia local, nas inaugurações, nas catástrofes, onde em vez de tomar uma solução, projeta uma imagem de uma pessoa preocupada, que se aplica no controle e gerenciamento da cidade. Isso já é uma campanha antecipada. Como tirar essa diferença? É aproveitar esse período de eleições, onde todos tem igualdade de condições de se apresentar às ruas e lamentavelmente em função das campanhas partidárias, o tempo de televisão fica com aquele que já é mandatário, mas a gente tem que se superar. Eu creio que essa lei vai precisar ser ajustada.


Bocão News - O senhor está falando de tempo, mas também defende na questão da isonomia dos recursos para a campanha?

CS - A isonomia dos recursos só viria se tivéssemos o financiamento público de campanha. Uma vez homologados nas convenções, os partidos receberiam seja da União ou de um fundo político que fosse criado, o mesmo volume de recursos para poder utilizar na campanha. Assim como ocorre no tempo de televisão, tempo que me refiro é a veiculação, que você não paga.

Bocão News - O senhor está concorrendo a uma prefeitura que trabalha hoje com orçamento na ordem de R$ 6,6 bilhões distribuído entre cerca de 15 secretarias. Considera justa a repartição dos recursos entre estas pastas e áreas relacionadas?

CS - Primeiro, eu não sei se o orçamento condiz com a arrecadação. É preciso fazer uma análise, porque no último ano houve uma informação do secretário da fazenda de que houve frustração de receita. Eu acho que o prefeito fez uma expectativa maior da receita do que de fato ele conseguiu arrecadar. Em relação à aplicação dos recursos, eu acho que tem uma dimensão legal que já ajuda muito. Ter a obrigação de 25% para educação e 15% para a saúde, faz com que você tem uma ideia de que se terá uma atenção muito boa para a saúde e educação. Claro que para a assistência social, numa cidade pobre como Salvador, você tem que aplicar muitos recursos também, mas a avaliação que faço da atual administração é negativa do ponto de vista da aplicação destes recursos. Aliás, eu diria muito negativa. Enquanto você teve uma arrecadação de R$ 6 bilhões e se fala que foi gasto R$ 500 milhões para fazer pavimento asfáltico, mas está totalmente destruído. Quando você tem R$ 6 bilhões e se aplica muito em infraestrutura, fica uma pergunta: por que tantos recursos em infraestrutura? Será porque é o aquilo que se percebe e passa ser parte de um projeto de poder? Por que estes R$ 6 bilhões não foram aplicados naquilo que é mais importante para a cidade, que é a geração de emprego e renda? Cadê as iniciativas de economia criativa? Desses R$ 500 milhões, R$ 600, R$ 800 ou R$ 1 bi destacados para asfalto, para efeito de conta, para obras que são ícones e servem para fazer uma catapultação do nosso prefeito para a condição de candidato a governador, a presidente da República, pegando apenas R$ 240 milhões, se dividir por quatro anos de gestão, dá R$ 60 milhões. Esse valor por ano, dividido por 12 meses, são R$ 5 milhões por mês. Se você colocar um emprego de R$ 1 mil, você tem cinco mil empregos. Se eu conseguir parceirizar com a iniciativa privada, criando bolsa para primeiro emprego, em que a prefeitura entre com R$ 500,00 e o empresário entre com os outros R$ 500,00, eu teria a geração de 10 mil empregos. Salvador tem hoje o pior índice de desemprego do Brasil. Eu tive a condição de estudar, fazer duas faculdades, três mestrados e estou aqui para disputar a prefeitura de Salvador com o próposito de criar essas oportunidades para os Silvas, Santos, da Silva, Bispos dos Santos e todos os outros que não têm mais esperanças. A política tem que mudar. As gestões tem que ser ocupadas não só por quem conheçam o ferramentão de gestão, mas tenha uma experiência de vida também, tenha uma experiencia de vida também, e eu vivi.

Bocão News - O prefeito ACM Neto adotou a exclusividade para patrocínio dos carnavais. O senhor pretende manter esse modelo ou irá alterar?

CS - Isso é absurdo. A livre concorrência é tudo. Acho que o modelo de exclusividade, desde que venha com uma disputa, com um procedimento licitatório, e que venha ajudar a resolver a questão da cidade, ele é um elemento importante. Mas é preciso lembrar e não se pode esquecer que as pessoas vão para as ruas no carnaval como uma forma de diversão. O carnaval começou como uma manifestação cultural e se transformou para essa gestão que está aí em um negócio. Carnaval não é um negócio.

Bocão News - Ainda nessa questão da cervejaria, o prefeito poderia fechar uma parceria com a Ambev para três anos, sendo que a gestão dele termina oficialmente em dezembro?

CS - O contrato público é um contrato que segue algumas regras das leis de licitações e contratos que é a lei 8666. Ele pode vigorar por um ano, sendo renovável por mais, mais um, mais até o limite de cinco anos. Então, não tem problema em o prefeito firmar isso, desde que seja bom. O que acho que acontece é que quando você estabelece uma determinada cerveja, e a cerveja vem com a componente de preço, você vai vender uma cerveja mais cara ou mais barata dependendo do que vai acontecer. Vale ressaltar que é uma ação irregular, pois se trata da cessão de um espaço público e poderia ser feita de outra maneira, não da forma como é feita. Indiretamente, você define um espaço público e diz que ali só pode uma cerveja. Não pode ser dessa maneira. Não é um circuito fechado. Indoor você pode fazer isso, mas nas ruas você não deve. Além do que, a forma de fiscalizar é absurda. Aquela ação do carnaval, enxotando, apreendendo comerciantes porque estavam vendendo uma ou duas latinhas em um raio próximo do carnaval para demonstrar força e atrair a cervejaria no ano seguinte, aquilo é, no mínimo, um absurdo, mal educado. Então, esses contratos, desde que sejam bem feitos, não tem problema. Eu tenho conhecimento de empresários que já procuraram a Fonte Nova para fazerem um carnaval indoor e o prefeito não tem interesse. Porque ele quer obviamente as ruas cheias, inclusive com essas pessoas que dão a plasticidade, a suposta beleza.

Bocão News - Mas o senhor pretende desfazer o contrato com a Ambev, se eleito?

CS - A ideia não é desfazer, é encontrar um ponto ideal que não beneficie esse ou aquele. É importante, sim, você ter financiadores. A prefeitura também deveria já estar trabalhando o direito de imagem da festa. Arrecadaria muito mais do que contrato com cervejaria.

Bocão News - Candidato, neste ano, o prefeito ACM Neto aprovou dos projetos voltados para a área do desenvolvimento urbano da cidade. O PDDU e a Louos, que enfrentaram forte resistência da oposição na Câmara de Salvador. Como avalia estes projetos e o que achou do posicionamento da bancada de oposição?

CS - O prefeito ACM Neto foi muito habilidoso na montagem do grupo do governo dentro da Câmara de Vereadores. Basta a gente dizer que a oposição se resumia a seis ou sete edis na cidade. Isso, dentro de um universo de 43, eu não sei se um outro prefeito conseguiu chegou a ser tão quase unanimidade na Câmara como o atual prefeito. Isso faz com que tivesse uma força muito grande para, em um quórum ainda que qualificado de 28, 29 votos, você consiga aprovar o que você quer. Daí, aumentar a responsabilidade do mandatário para fazer uma lei, quanto a Louos como o PDDU, que a cidade realmente precise. Essa lei que está aí, a gente tem algumas reservas em relação não ao formato, à maneira como se encaminhou. Eu vi que o presidente do Legislativo, isso é uma coisa até um pouco rara, se empenhou diretamente, participava das audiências públicas, ouvir as pessoas. Em um dado momento, aumentou o número de audiências mudando o calendário. Então, houve a participação popular na discussão dessas leis. Eu fui pessoalmente a algumas audiências dessas e ficava surpreso como tinha pouca gente. Auditórios de 200 lugares, não se enchia a metade. A gente sabe também, que pela proximidade do ano político, a oposição também faz um movimento na direção de politizar algumas questões. A gente sabe disso, é natural. Eu creio que essa lei não vai resolver os problemas de Salvador. Nem o PDDU que foi aprovado  e nem a Louos que ainda não foi sancionada pelo prefeito. A visão urbanística que se tem de Salvador é que ainda é uma cidade praiana, um balneário, e Salvador não é mais isso.

Bocão News - Mas o plano diretor, diz-se que só pode ser revisado de dez em dez anos. O senhor revisaria, se eleito?

CS - Há uma cultura de que ele só pode ser revisado a cada dez anos porque você tem que ter uma lógica. Mas vamos imaginar o seguinte, alguns fatores são preponderantes para que você faça uma revisão urbanística de uma cidade. Um deles, por exemplo, é o adensamento populacional. Vamos imaginar que você tenha uma corrida muito grande de pessoas para virem morar em Salvador nos próximos dois anos, por algum fator qualquer. Você pega uma área e ocupa ela toda e diz assim: não dá para revisar. Não existe isso. Você pode mandar, sim, uma revisão da lei, a Câmara tem que votar, claro, por se tratar do PDDU, vai ter que ser com quórum qualificado. Somente isso.

Bocão News - Existe um acordo entre os candidatos da base do governador Rui Costa para não ter ataques entre si?

CS - Ninguém me chamou para reunião nenhuma nesse sentido e, se fosse convidado, não aceitaria. Acho que uma disputa política tem que apresentar para a cidade a verdade e a gente sabe que tem muita coisa hoje que é propaganda. E essas coisas vão aparecer. Tentar dizer que não fez, o que é tudo é mentira, isso sim é mentira. A gente vê que obras que foram feitas, agora, talvez, não tenha sido feitas de forma adequada.

Bocão News - O senhor integrou a gestão do ex-prefeito João Henrique, que terminou de forma muito crítica. O que eleitor pode esperar do ex-secretário de João Henrique?

CS - Eu penso diferente e sou diferente. Eu sou Cláudio Silva, não sou João Henrique. As pessoas vêm com discurso vazio e não conseguem olhar para o próprio rabo. Há uma parte do governo João Henrique que deu certo. Quero ver quem vai criticar a Educação, quando eu estava lá. Fizemos a matrícula informatizada, mudei o cardápio da merenda, mudei a forma de fazer obras para manutenção da escola. Depois, quando fui para a Sucom também mudei algumas coisas. Agora é fácil criticar quando pega um elemento que deu errado e fica em cima daquele elemento que deu errado. Agora, cada gestor tem sua contribuição a dar. Dizem agora que a cidade voltou a sorrir, mas tem uma cidade que tem dificuldades enormes. Eu não arriscaria a dar um sorriso com os problemas que a cidade tem. Como a cidade pode sorrir com um desemprego que tem hoje? Só se for sarcasmos. Agora, temos na cidade empreendimentos que orientam para outro caminho, como o metrô, a duplicação da Pinto Aguiar e da Orlando Gomes, a nova Fonte Nova, a Concha Acústica, que ajudam a Salvador a sorrir. Por isso defendo que não pode haver uma divisão entre Governo do Estado e prefeitura. O dinheiro público é um só. Ninguém pergunta se o hospital é de Rui ou de Neto. O cidadão quer saber se o médico está lá para atender. A mãe que procura uma escola, não quer saber se é de Rui ou de Neto. Hoje, eu e tenho certeza que qualquer mãe, que tenha consciência, vai preferir escola de Rui, porque tem um programa para voltado para amar a educação e recuperar a qualidade, que o município não conseguiu fazer. O município fez muita firula e pouco resultado.

Bocão News - Na sua passagem pela Sucom, houve o escândalo dos transcons. O senhor teme que este caso volte e assombre a sua campanha?

CS - Primeiro, as pessoas precisam entender de fato o que aconteceu. A questão dos transcons não tem nenhuma vinculação com a Sucom. Os transcons eram administrados, do ponto de vista da autorização, pela Secretaria do Planejamento. A Sucom só o tinha o papel tão-somente de fazer emissão do alvará de construção depois da autorização ser dada pela Secretaria do Planejamento. Então, não tínhamos nenhum envolvimento. Mas, o desfecho disso é que uma pessoa fez uma denúncia sobre a máfia dos transcons e depois muita apuração ficou comprovado que não existiu. Foi uma denúncia caluniosa de uma senhora, que é técnica da prefeitura, foi condenada pela Justiça porque inventou a história. Não conseguiu provar. O próprio Tribunal de Contas já arquivou a questão.

Bocão News - Na convenção do prefeito ACM Neto, o deputado federal João Carlos Bacelar, do PR, anunciou apoio à candidatura do democrata. O PR, partido do parlamentar, está na sua coligação. O que pensa sobre isso?

CS - Avalio que um político tem de trafegar por um caminho que seja o melhor. O João Carlos Bacelar, que é meu amigo, não representa o PR. O presidente do PR é o deputado José Carlos Araújo, que esteve presente na minha convenção e participa ativamente do processo da campanha.

Bocão News - Candidato, vamos para as considerações finais. Por que o eleitor tem que votar em Cláudio Silva?

CS - Primeiro, porque o eleitor tem que passar a pensar diferente. Eu sou o garoto pobre, que nasceu pobre, filho de trabalhadores e que acreditou na educação. Eu tenho que ser o exemplo para essas crianças. Nossa qualificação já mostrou que é possível fazer diferente e melhor. Podemos fazer uma administração melhor do que a que está aí.

Classificação Indicativa: Livre

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