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Precisamos de solução e gestão, diz novo presidente da Fieb sobre Governo Dilma

Imagem Precisamos de solução e gestão, diz novo presidente da Fieb sobre Governo Dilma
Ainda sem assumir oficialmente a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), após a morte de Gilberto Farias, o próximo gestor, Ricardo Alban, conversou com a reportagem do Bocão News sobre a conjuntura econômica brasileira. Sem desassociar com a economia baiana, Alban fez críticas à política implantada pela presidente Dilma Rousseff (PT) nos últimos anos e  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/11/2014, às 00h00   Juliana Nobre


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Ainda sem assumir oficialmente a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), após a morte de Gilberto Farias, o próximo gestor, Ricardo Alban, conversou com a reportagem do Bocão News sobre a conjuntura econômica brasileira. Sem desassociar com a economia baiana, Alban fez críticas à política implantada pela presidente Dilma Rousseff (PT) nos últimos anos e apontou soluções para o próximo mandato.


Ainda sem assumir oficialmente a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), após a morte de Gilberto Farias, o próximo gestor, Ricardo Alban, conversou com a reportagem do Bocão News sobre a conjuntura econômica brasileira. Sem desassociar com a economia baiana, Alban fez críticas à política implantada pela presidente Dilma Rousseff (PT) nos últimos anos e apontou soluções para o próximo mandato.

A participação da indústria no Produto Interno Bruto vem caindo ao longo dos anos. De 40% aos 12% atuais, a queda é considerada pelo novo gestor um dos braços da crise econômica brasileira. A reforma tributária que não aconteceu poderia ter subtraído os efeitos.

À presidente reeleita, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou um documento com 42 propostas para o desenvolvimento industrial do brasileiro. Através do chefe da Casa Civil, Aloisio Mercadante, a petista mostrou preocupação com um impulso da industrialização do país. “Nós precisamos de solução e de gestão”, afirmou.

Ainda para Alban, uma das soluções é aplicar ferramentas do empresariado privado à gestão pública. “Óbvio que não podem ser as mesmas. As ferramentas de gestão do setor público precisam considerar uma série de políticas sociais e peculiaridades, mas algumas ferramentas precisam ser incorporadas ao espírito público”, disse.

Leia a entrevista na íntegra:

Bocão News – Ano que vem teremos um novo governo. Como o senhor analisa esses primeiros passos do governador eleito, Rui Costa?


Ricardo Alban - É um novo governo com conceitos anteriores e que me parece que já está começando bem. O objetivo que o govenador atual deixou de não fazer novos investimentos deixando como referencia uma reestruturação da maquina. Está começando com conceitos de dar um dinamismo maior na economia, necessidade de controle do déficit publico. Tenho sentido bons sinais. Obvio que nenhuma politica estadual não vive isolada de uma politica nacional.

BNews – E o Governo Dilma?

RA - Temos que ver como toda a indústria nacional está aguardando os sinais da equipe econômica do governo federal. Tivemos ontem o ENAI. Tivemos ontem do chefe da casa civil, Aloisio Mercadante em se comprometer para a próxima semana um entendimento técnico, com formação de equipe para analisar as 42 propostas que a CNI apresentou para o desenvolvimento da indústria nacional aos candidatos.

BNews – Há uma crise econômica instalada. Isso aconteceu apenas no Governo Dilma?

RA - A indústria nacional vem de uma queda de participação do PIB de 4ª a 12%. Contra fatos não há argumentos. Houve realmente um processo de perda da importância da indústria, desde os problemas da reforma tributária que não saiu. Isso é um processo que a indústria brasileira cresceu cerca de 62% nos últimos 12 anos, mas a media da indústria mundial cresceu mais de 100%. Nós crescemos muito menos, com limitações como grande produtividade, necessidade da reforma tributaria com esses impostos progressivos, acumulativos, uma reforma trabalhista para defender os interesses dos trabalhadores porque não adianta ter uma legislação, talvez, superprotetora, mas que não gera emprego. Temos que ter um equilíbrio porque o que gera emprego é crescimento econômico e não existe crescimento econômico sem crescimento da indústria. Ele não se sustenta, baseado apenas em um setor. Tem que ter a indústria fazendo interface com os setores primários, secundários e terciários para o crescimento sustentável.

BNews – A presidente já sinalizou positivamente para algum ponto?

RA - Ainda não. Só sinalizou que o governo federal está muito preocupado com um novo impulso da industrialização do país com. Já tem sinalizado com foco maior na inovação com alternativas para se conseguir a produtividade, mas não isoladamente. Temos um caminho, mas nós precisamos de solução e de gestão. Esse é o grande problema. Não é de governo A,B ou C, mas de uma das coisas que pensamos é que os governos precisariam incorporar um pouco mais das ferramentas de gestão que o empresarial privado usa. Obvio que não podem ser as mesmas. As ferramentas de gestão do setor público precisam considerar uma serie de politicas sociais e peculiaridades no setor privado que busca na gestão o resultado, mas algumas ferramentas precisam ser incorporadas no espirito publico. Para que termos menos perda. Porque o maior custo que temos é de obras paradas, atraso de obra. Os orçamentos não são cumpridos, s prazos não são cumpridos. A gestão da máquina pública precisa ser mais meritocrática.

BNews – Arriscaria algum nome para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior?

RA - Eu acho que se ela se inspirar dentro desse conceito de ter uma gestão um pouco mais pragmática sem perder o conceito do que é o publico, ela conseguiria transmitir um pouco mais de credibilidade, principalmente ao investidor externo. Precisamos da poupança externa. A poupança interna deste país ainda é baixa. Não dá para esconder isso. Um ganho de massa salarial significativo ao longo dos últimos anos, isso é fato. Mas também houve um endividamento da classe media, ao longo dos anos. Então a capacidade de gerar poupança no país não atende a necessidade de investimento do país e você não consegue atrair investidor externo sem o mínimo de credibilidade e de confiança nos marcos regulatórios. O investidor precisa e quer resultado. Não tem outra forma.

BNews – E a sua gestão? Vai seguir os mesmo conceitos iniciados por Gilberto Farias?

RA – Essa pergunta é muito fácil de responder. Só é mais difícil porque me faz lembrar da ausência. O Gilberto me deixou dois legados. Um é de amor entre nossas famílias. Ou seja, nós somos grandes amigos. E outro é uma federação que está imbuída tanto o sistema da Fieb como o cieb unidos em dar continuidade a este trabalho. Mesmo porque toda a elaboração deste projeto, toda a estratégia desde a campanha eleitoral, fizemos juntos. Minha única preocupação é seguir este caminho. Não tem mistério. Vamos dar continuidade ao que vinha. Procurar termos mais competentes como uma homenagem a essa figura que deixou bons momentos.

BNews – Outro ponto era a interiorização da indústria. É possível progredir nisso? Como é a relação com o governo do estado?

RA - Já estamos fazendo. Nós temos uma relação muito saudável com o governo. Saudável não quer dizer subserviente, mas de cumplicidade com o crescimento industrial da Bahia. Isso queremos manter com os governos estadual, municipais e federal. O Gilberto iniciou este processo. E nunca se tinha visto antes que federações do comercio, da agricultura, da indústria, fazendo trabalhos em conjunto. Nós vamos continuar com esse trabalho de equipe. Temos as obras das novas regionais do Sesi-Senai em Vitória da Conquista, Ilhéus e Itabuna, feira de Santana, barreiras. E isso vai continuar o processo de interiorização com apoio com a pequena e media empresa.

BNews – E até o final da sua gestão, o que se pode esperar?

RA - Estamos muito afinados com os programas a novel nacional para captação de recursos, Pronatec´s programas voltados para tecnologia e informação, o que vai nos permitir dar sustentabilidade à pequena e media empresa. Porque nós precisamos dos grandes investimentos porque são eles que permitem que a cadeia produtiva se instale e esse é o melhor caminho para que elas encontrem o crescimento.

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