Política

A tática da farinha pouca meu pirão primeiro

Publicado em 05/08/2017, às 00h00   Victor Pinto


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A tática do governador Rui Costa (PT) – leia-se Jaques Wagner (PT) também - frente à abertura de processo contra o presidente Michel Temer (PMDB) soou muito mal no campo político baiano.

A ofensiva de tentar garantir a permanência do peemedebista no poder, em detrimento a subida de Rodrigo Maia (DEM) ao posto maior do Executivo nacional, deu errado. A declaração desastrosa do secretário de Relações Institucionais do governo, Josias Gomes (PT), em entrevista ao editor do BNews em Brasília, Luiz Fernando Lima, demonstrou a tática petista baiana do não “Fora Temer”.

Rumores da abstenção do secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Torres (PSD), também correram.

As exonerações dos dois do primeiro escalão derrubaram dois opositores ferrenhos a Temer: o petista Robinson Almeida  – que apesar de não ter votado, fez muito barulho na sessão dentro do plenário – e o comunista Davidson Magalhães.

Quais os motivos levaram a essa estratagema?  Primeiro: Maia no poder representa um benefício direto ao prefeito ACM Neto (DEM) e todo o crivo do DEM baiano, cuja atuação do partido no Brasil é ainda mais forte. Rui enfrentaria um ACM Neto com o governo federal a seu favor e com essa “viúva” (União) ninguém brinca, pois os próprios Wagner e Rui foram beneficiados por ela e sabem muito bem a força que a União tem numa eleição.

Essa foi à primeira leitura. Soou uma política de “farinha pouca meu pirão primeiro”, numa lógica quase do seguinte viés, como bem me disse um deputado governista muito próximo do Palácio de Ondina: “que se exploda o Brasil, quero governar minha Bahia e garantir meu quinhão aqui”.

Depois que todo o noticiário político nacional, inclusive com menções na TV Globo, escancarou a situação, eis que Rui chama tudo de “fofoca” e defende “fora todo mundo” e uma campanha para Diretas Já. Também defendo a eleição pelo povo, mas o PT só defende, pois tem um nome pronto: Lula. Se não tivesse, estaria nas articulações indiretas.

O segundo cenário: Temer no poder, apesar de ainda ser prejudicial ao PT na esfera administrativa, por hora, ajuda o retorno de Lula como o “Salvador da Pátria” em 2018. Quanto mais Temer sangra, mais motivos o PT tem para comparar o período do peemedebista no poder com o período do petista. Ainda este mês, inclusive, Lula estará na Bahia para começar sua repaginada Caravana da Cidadania.

No fim das contas, os secretários exonerados votaram contra Temer, mas o que sobrou foi assunto para um bom tempo. Aliados, inclusive deputados, ficaram araras com a celeuma, resta saber de como será a chegada das novas denúncias. Maia já demonstrou que não está muito satisfeito com o Planalto. É briga de Rui e Neto até na seara nacional. 

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, sub editor de política do Bocão News, membro da coordenação da Rádio Excelsior da Bahia e diretor do jornal Correio do Mês de C. do Coité.

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