Polícia

Polícia para quem precisa. Polícia para quem precisa de Polícia!

Publicado em 18/07/2017, às 19h15   Tony Silva


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Como diria a composição de Tony Belloto dos Titãs, com sua atual música da década de 80, “dizem que ela existe pra ajudar. Dizem que ela existe pra proteger. Eu sei que ela pode te parar. Eu sei que ela pode te prender. Polícia para quem precisa. Polícia para quem precisa de polícia”. Porém, alguns policiais têm “carecido” de polícia, tanto para os prender quanto para os proteger. Talvez 2017 já seja um dos anos em que mais precisamos chamar ou até gritar: “Socorro! Polícia! ”.

No final de junho, uma megaoperação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro identificou 95 policiais militares acusados de corrupção e associação ao tráfico de drogas. Já em Salvador, na última semana, quatro PMs foram acusados de participação em dois latrocínios e uma tentativa. Dois dos policiais também terão que responder por crime de extorsão.

Na contramão da ordem e justiça, a Bahia registrou neste ano 17 policiais mortos e 41 tentativas de homicídios contra PMs, de acordo com dados divulgados pela Secretária de Segurança de Pública (SSP). Será que vai precisar de policiamento para a polícia?
Não podemos esquecer também de onde nascem essas contradições  de valores que poderiam sustentar a Segurança e Justiça de um País, os quais seriam: respeito, ordem, idoneidade e uma palavra que já virou sinônimo de “idiota”, a tal da honestidade.

Será que algum brasileiro se sentiu roubado e também gritou: Polícia!!! Quando Michel Temer liberou nada menos que cerca de R$ 4,2 bilhões em recursos para emendas parlamentares.

De acordo matéria do site Brasil247, publicada em 5 de julho, o valor é mais de seis vezes superior ao total solicitado pelas Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF). Só na PF, o contingenciamento chegou a 44%, quase R$ 500 milhões. Como se diz por aqui: “Ouxe!” esse dinheiro saiu do meu bolso?  Logo, fui roubado de novo pelos caras do colarinho branco.

A rota da impunidade seduz a polícia e o risco aumenta. O promotor de Justiça do Núcleo do Júri do Ministério Público da Bahia, Davi Gallo Barouh, foi enfático ao afirmar: “a impunidade funciona como um vetor (de crescimento)”. O promotor avalia que a medida em que muitos cometem crimes e nada acontece, alguns se acham também no direito de cometê-los”. O latrocínio cometido contra o casal ilustra esta linha de pensamento, conforme Davi Gallo.

Em um país em que a roubalheira, corrupção, indecência e desordem estão de ponta a ponta da pirâmide, tudo parece ser pautado na insanidade coletiva. Enquanto não partirmos para explicações no mundo espiritual, a psiquiatria pode nos dar alguma luz para que possamos entender que vendaval está nos abatendo afinal.

A psiquiatra Ivete Santos, que atua na área criminal há mais de 20 anos, destacou que “a psiquiatria sozinha não é o suficiente para entender, pois há de se utilizar outras áreas do conhecimento”. Imagine? Contudo, ela comentou: outras áreas do conhecimento mostram que, o que ocorre aqui no Brasil é resultado de uma sociedade de baixa confiança nas instituições do Estado. Isso causa um efeito de onda em todos os níveis. O cidadão não confia em nada que vem do Estado. Ainda mais com o nível de corrupção endêmica no Brasil”, destacou.

Retornemos aos anos 80 para resumir em uma sábia música dos Paralamas do Sucesso, o nosso dilema de estimação, ser brasileiro.

"A polícia apresenta suas armas. Escudos transparentes, cassetetes, capacetes reluzentes e a determinação de manter tudo em seu lugar. O governo apresenta suas armas. Discurso reticente, novidade inconsistente e a liberdade cai por terra aos pés de um filme de Godard. A cidade apresenta suas armas. Meninos nos sinais, mendigos pelos cantos e o espanto está nos olhos de quem vê o grande monstro a se criar."

Tony Silva é repórter das editorias de polícia e cidades do BNews.

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