Política

Temer: renúncia deixa de ser ato de grandeza e passa a ser necessária

Publicado em 17/06/2017, às 16h07   Luiz Fernando Lima*


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O time de "notáveis" próximo ao presidente Michel Temer (PMDB) está se desintegrando rapidamente. Em pouco mais de um ano à frente do Palácio do Planalto dos 11 “titulares” da panela de Temer sete já caíram e outros quatro estão na berlinda.

Vamos aos nomes: o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha; Tadeu Filippelli, Henrique Eduardo Alves, Rocha Loures, Sandro Mabel, José Yunes, e o senador Romero Jucá completam o time dos que saíram pelas portas dos fundos do governo e respondem a processos.

Os quatro restantes do ‘scratch’ original do peemedebista estão temerosos quanto aos próximos despachos da Justiça em resposta às provocações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Há uma ação organizada para cercar Temer e isso é público e notório.

Os próprios aliados do atual mandatário afirmam isso. Algo semelhante ao que os petistas dizem quanto às ações do juiz Sérgio Moro em relação ao ex-presidente Lula. O objetivo atual destes setores é pressionar os acusados para que possam entregar as provas que corroborem com as teses acusatórias e no caso de Temer não são poucas.

Neste final de semana foi publicada a primeira entrevista de Joesley Batista após o retorno ao Brasil. A revista Época traz gravíssimas acusações que foram proferidas pelo sócio da J&F.

Temer foi acusado de ser o “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. O presidente reagiu prometendo processar o delator. A ameaça de resposta é protocolar e não se espera outra coisa de quem está acuado.

No entanto, o que tem feito o presidente perder o sono é a situação de seus principais “parceiros” que ainda estão soltos. A exemplo dos quatro mencionados acima. Oras, se a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal definiram a estratégia de atacar os flancos impedindo a subida dos laterais sabe-se que prisões serão feitas.

Geddel entregou, ‘espontaneamente’, os sigilos fiscal e bancário, além do passaporte, mas não deve ter uma noite de sono tranquilo. Nos corredores palacianos e do Congresso não dá outro assunto: será o próximo.

A entrevista de Joesley Batista aponta o peemedebista baiano como interlocutor de Temer no assunto: silêncio de Cunha. Esta informação somada a outras tantas que já saíram sinalizam de forma estrondosa que a luz vermelha aponta para Geddel.

E é aí que entra a situação sui generis: a pressão que até então era feita por parte da população, segmentos da imprensa e oposição ao projeto Temer passa a ser feita de forma acintosa pelos aliados que não querem ser presos.

Neste contexto, a renúncia de Temer passa a ser mais provável. Não por uma questão de honra ou devoção à nação, mas como forma de preservar aqueles que o colocaram lá.

Deixar que seus aliados mais próximos caiam a seu lado sem nada fazer não é algo que na política brasileira tenha encontrado respaldo histórico. Em tempos de cela fechada no quatro por quatro não tem espaço para condescendência com aquele que pode evitar a prisão alheia e não o faz por vaidade ou pretensão de poder.

* Luiz Fernando Lima é editor do site BNews

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