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Você vai reeleger este Congresso Nacional?

Publicado em 17/03/2017, às 11h25   Cíntia Kelly*


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Com a velocidade do trema bala, as reformas da Previdência e Trabalhista serão aprovadas pelo Congresso Nacional sem a menor dificuldade, a julgar pelo apoio que as duas propostas recebem dos deputados e senadores, sobretudo, da base do presidente Michel temer.

Uma Reforma da Previdência que ignora as diferenças regionais, que ignora uma realidade dificílima para a camada mais pobre da população, que, segundo dados do IBGE, começa a trabalhar mais cedo, de forma informal, sem carteira assinada e, portanto, não terá o tempo computado para efeitos da aposentadoria.

Uma reforma da Previdência que não levou em consideração que a maioria da população, que de fato trabalha, será a mais penalizada, embora seja a menos culpado pelo impacto negativo das contas previdenciárias.

E o que falar da Reforma Trabalhista? Afrouxa a Consolidação das Leis Trabalhistas, uma das maiores conquistas dos trabalhadores brasileiros. Acordo entre patrões e empregados terá, em alguns casos, maior peso do que a CLT, a exemplo do parcelamento de férias. Grosso modo o que se vê da tal reforma é a tentativa de baratear o custo da mão de obra.

No bojo das más notícias vem a constatação de que milhares de brasileiros nas ruas, como aconteceu no dia 15, protestando contra essas medidas que afetam de forma negativa os trabalhadores, não surtirão efeito prático.

Relator da reforma da Previdência, o baiano Arthur Maia (PPS) demonstrou claramente isso ao dizer que as manifestações “não mudam absolutamente nada”. “A gente sabe que quem fez essa manifestação, quem está patrocinando essa manifestação são setores que historicamente foram contra a reforma da Previdência. Portanto, do ponto de vista da cabeça do relator, isso não muda absolutamente nada”, afirmou.

Levando em consideração que a cabeça do relator é teleguiado pelos setores que querem promover as alterações na Previdência, de nada valeram as manifestações.

Mas, ainda pior do que um futuro em que nos vemos caquéticos sem a condição de desfrutar dos anos trabalhados, porque teremos de trabalhar ainda mais, é a possibilidade infinita de esses mesmos congressistas em 2018 serem reeleitos.

Sim, queridos, a nossa indignação quase sempre é momentânea. Passou a dor intensa de uma fratura, e pronto. Voltamos a nos vitimizar mesmo sabendo que temos armas para mudar – um pouco – essa realidade ruim.

Vamos fazer conta. Na Câmara para uma PEC ser aprovada são necessários 308 votos. No Senado, 49.  Qual o percentual de renovação no Congresso no ano que vem? Eu aposto em um número pequeno. E você?

Cíntia Kelly é jornalista da editoria de política do Bocão News e comentarista da Itapon FM

Classificação Indicativa: Livre

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