Política

2016 é o enterro do PT. 2018 a missa de sétimo dia. Será?

Publicado em 19/09/2016, às 14h47   Eden Valadares*


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Reza a lenda que eleição e mineração, só depois da apuração. Mas quem resiste a dar palpite, a arriscar um pitaco, a fazer uma previsão sobre o resultado das urnas? Eu não resisto. Os articulistas da grande mídia muito menos. E virou ponto pacífico apontar que as eleições municipais de 2016 significarão o sepultamento do Partido dos Trabalhadores; e que 2018, quando serão eleitos governadores e presidente, será a missa de sétimo dia. Não só no cenário nacional, mas também na Bahia.
Mas será assim mesmo? 
Bom, este pobre curioso que vos escreve tem mania de buscar na análise dos números, no estudo dos dados estatísticos e na observação do quadro político os elementos para formar opinião e eles, amigos, não são tão catastróficos assim. Senão, vejamos.
Doze entre dez comentaristas políticos usam como principal argumento para a “Tese do Enterro” a percepção de que o PT recuará no total de prefeitos eleitos no estado neste ano. Logo, com menos prefeitos, menos votos para presidente e governador. Pode ter lógica – não farei apologia a derrota nas eleições municipais, longe disso – mas o fato é que os números mostram outra coisa.
Em 2010, o PT tinha 66 prefeitos e prefeitas na Bahia e Jaques Wagner obteve 4,1 milhões de votos para governador; em 2014, os petistas passaram a ter 93 gestores municipais (27 a mais) e Rui Costa obteve 3,5 milhões de votos (600 mil a menos). Com o DEM de Paulo Souto – me perdoem a estranha expressão – ocorreu o mesmo só que ao contrário: em 2010 tinha 43 prefeituras e obteve 1 milhão de votos; quando caiu para apenas 9 prefeituras em 2014, mais do que duplicou seus votos ao Palácio de Ondina (2,4 milhões).
Como disse, os dados, os números, os resultados não validam a tese inicial dos analistas da mídia. Mas, mesmo assim, vamos tentar outra abordagem e pensar sob a lógica da vitória nas eleições municipais.
Por querer ou não, o que foge da visão daqueles que preveem o fim do PT é que nem sempre o número total de prefeituras administradas tem relação direta com número de habitantes que governará. Em bom português: um partido pode ganhar em muitas cidades, mas governar uma quantidade menor de eleitores do que outro.
Aconteceu na Bahia em 2012. O PSD venceu em 70 municípios; o PP em 52. Mas os progressistas passaram a administrar mais cidadãos (1,7 mi) e com uma receita anual (R$ 2,2 bi) maiores do que o PSD. Assim, nem sempre quem vence mais, governa mais. E é o que deve acontecer na Bahia.
Me arriscando no jogo perigoso das midiáticas previsões, avalio que, sim, o PT reduzirá seu número de gestores municipais, mas sem perder influência política ou potencial eleitoral para 2018. E isso derivará, sobretudo, de dois elementos: a capacidade do Governador Rui Costa em manter unificado o campo político de sua base aliada – com o auxílio luxuoso de Wagner, Otto, Leão, Lídice e Marcelo Nilo; e depois porque mais de 50% do eleitorado baiano está concentrado em 35, 40 cidades – e nelas o desempenho desse campo político dá sinais de vitalidade e manutenção de sua força.
Lauro de Freitas, Juazeiro, Porto Seguro, Senhor do Bonfim, Eunápolis, Irecê, Campo Formoso, Valença, Coité, Cruz, Teixeira, Conquista, nesse grupo que podemos chamar de G35 ou G40, a base do PT e seus aliados vai bem, obrigado. Quem duvida e aposta contra, vai novamente cair do cavalo. O jeito de fazer política com respeito aos diferentes, participação e parceria com os aliados, a maneira aberta e democrática de conduzir o estado ao crescimento econômico e desenvolvimento social vieram para ficar. E não é articulista de jornal ou analista de pesquisa que diz isso, não. É o povo baiano que dirá como vem dizendo em 2006, 2008, 2010, 2012, 2014...
Eden Valadares foi assessor especial da ex-presidente Dilma Rousseff e chefe-de-gabinete do ex-ministro Jaques Wagner

Classificação Indicativa: Livre

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