As manifestações do 16 de agosto foram, e são, importantes. Não é possível ignorar as milhares de vozes que gritam "Fora Dilma, fora Lula, fora PT". Diferente dos protestos dissonantes de março e abril, as ações - dessa vez - foram organizadas, com foco, objetivas e apontadas para uma só direção: impeachment.
A bem da verdade, o número de adeptos foi tímido, para não dizer fraco. Segundo a Polícia Militar, cerca de 5 mil estiveram no Farol da Barra, em Salvador. Por todas as cidades do país as ações foram aquém do esperado. A voz não ecoou. O governo: comemorou. Ganhou fôlego. Mas, o aparente enfraquecimento popular do movimento não deve ser ignorado, muito menos subestimado.
Os reflexos da Lava Jato serão duradouros e dolorosos. Com eles virão desaceleração da economia, inflação, desemprego. Novos nomes ligados ao governo serão anexados aos processos e irão expor ainda mais a face de Dilma, Lula, do PT e da base aliada. Novas ações virão. Essa era a oportunidade que todos os brasileiros esperavam, não por minar o partido mais poderoso da história do Brasil, mas por apontar com nome, sobrenome e CPF cada integrante dos grupos que tiram o pão da mesa do trabalhador.
Uns acreditam no enfraquecimento do governo. Eu não. As manifestações e operações, somadas as ações oposicionistas, servem como combustível. Na verdade, essa é a oportunidade do PT sair fortalecido para 2018. De mostrar que nos 13 anos de governo petista foram descobertos esquemas, desvios e superfaturamentos que sempre existiram desde quando o Brasil é Brasil, mas que apenas durante a sua pequena "ditadura" foram reveladas, julgadas e sentenciadas. Mostrar que, finalmente, a Polícia Federal e a Justiça podem trabalhar sem a intervenção política aparente. Os poderes têm autonomia.
A curto prazo, o país vai recuar - ainda mais -, desacelerar, frear e, praticamente, parar. A médio, voltará a acelerar, com uma diferença, com menos superfaturamentos, corrupção e cartel. Espero. As manifestações sempre serão positivas, mesmo que a maioria não concorde, mesmo que o PSDB se mostre contrário e contraditório a corrupção. Cada manifestação deve respeitar e, principalmente, ser respeitada.
